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18/11/2010

Alergias, dermatites e chatices

Ora aqui está um assunto que eu nunca tinha abordado.
Desde miúda que sou alérgica ao pó, ao pólen, a fungos e humidade, à prata, ao níquel e a alguns tipos de detergentes e amaciadores. Lembro-me que não aguentava brincos, nem colares e pulseiras, sem ficar cheia de eczemas e prurido. De tanto coçar-me ficava repleta de feridas. A pequena fivela do relógio de pulso era suficiente para me fazer um eczema. Os sintomas eram localizados à área de contacto daquelas substâncias (orelhas, pescoço, pulso), mas foi suficientemente incómodo para eu conseguir avaliar o sofrimento de um bébé vítima de atopia.
Na idade adulta atenuaram-se essas alergias (apesar de ter reincidências ocasionais nas orelhas por causa dos brincos), mas surgiu-me outra, uma enorme sensibilidade (que só recentemente percebi que era alergia) a determinadas fibras da roupa interior, e até a pensos e tampões, que em contacto directo com a pele me causavam um triste e terrível desconforto. E no último ano, então, agudizou-se a rinite alérgica (isto aconteceu de uma forma generalizada e ao que parece teve causas ambientais).
Todas estas reacções alérgicas ou de hipersensibilidade são provocadas por vários factores, não só externos, mas também associados à alimentação e a causas emocionais (como o stress, que fragiliza as defesas do organismo). E se contra umas não podemos fazer nada, contra outras existem alternativas, nomeadamente no que concerne os tecidos e materiais utilizados no contacto directo com a pele. Habitualmente, quando nos deparamos com um distúrbio na saúde, varmos logo comprar remédios para reduzir os sintomas, sem procurarmos minimizar as causas. À conta disso já usei muitas bisnagas de cremes e anti-histamínicos. Não digo que se tornam totalmente dispensáveis - acredito que nalguns casos sejam mesmo necessários - mas podem ser reduzidos (no meu caso, um deles foi mesmo eliminado).
Recentemente entrei em contacto com uma nova marca nacional – Vicky C.O. - em algodão orgânico natural de cultura biológica, sem recurso a pesticidas, nem a branqueamentos, nem a tintas, que é hipoalergénico e reduz em muito o desconforto das peles sensíveis e atópicas dos bebés (e reduz às mães a preocupação e angústia).
E foi por acaso que, por seu intermédio, numa pesquisa, encontrei finalmente uma marca de tampões e pensos, também em algodão orgânico natural, que fazem TODA a diferença! Foi uma descoberta tardia, hão-de dizer-me, porque esta linha já existe desde 1989 – a Natracare – mas calhou só a descobrir recentemente e foi uma descoberta mesmo feliz. E posso dizer-vos onde comprei, na "Miosótis", em Lisboa.

Não sou de fazer publicidade a marcas ou lojas, mas há projectos responsáveis e de filosofia ecológica que merecem ser difundidos. Tenho ali ao lado uma coluna onde realço o planeta terra como a casa que nos acolhe e que precisa de ser cuidada. Ora, a preservação e sustentabilidade da nossa casa e das nossas sociedades, encontra resposta no empreendedorismo responsável de quem avança com pioneirismo em projectos que garantam a preservação do planeta e da nossa saúde. Mencionei a portuguesa Vicky C.O. e a inglesa Natracare, a título de exemplo, mas sei que muitas outras avançam nesta senda e é nosso dever apoiá-las, por oposição às empresas e indústrias que exploram abusivamente o nosso planeta, secando-o, contaminando-o e destruindo-o com substâncias químicas que provocam a morte de seres humanos e de espécies diversas.

10/11/2010

Mais não é demais

E porque realmente a cada dia que passo me surpreendo, hoje a notícia de que Pedro Baptista, cientista português, conseguiu criar o primeiro fígado humano em laboratório.

Este país não é para crises

Uma das razões porque me mantive calada nos últimos meses – e dou-me conta disso agora – foi para observar a movimentação disto a que chamam crise e tentar perceber se o melhor é ficar quietinha e ver o copo meio vazio, ou seguir a visão do copo meio cheio.
Opto pela segunda e digo-vos, não acredito na crise; pelo menos, não nesta com que nos querem contaminar e muito menos nos moldes em que a (des)informação passa. A crise que realmente me assustou foi a que decorreu nos últimos 20 anos: uma crise de estupidez financeira generalizada, de uma cabotina falta de visão, de um excesso de fartura e consumismo, de uma cegueira perdulária e deslumbrada – típicos de quem sai das “berças” (e que a metáfora da ideia me desculpe a expressão preconceituosa) para a grande cidade e quer ocultar por todos os meios o seu provincianismo.
Penso que não estávamos preparados nem educados para viver e respeitar a abundância, nem existiam estruturas politico económicas, nem mentalidades maduras que criassem sustentabilidade na riqueza.
A crise, essa, foi vivida nos momentos áureos do capitalismo impositivo, do facilitismo dos cartões de crédito, dos leasings, dos rentings, dos marketings instigadores de consumo e afins (sem esquecer que por detrás, na causa das coisas, está uma lacuna brutal de informação, educação e responsabilidade social). O que se vive hoje – a meu ver – é o resultado dessa crise.
A crise está resolvida – quanto a isto, amigos, não há crise – já estourámos tudo e mais um par de botas e, como tal, acabou-se. Agora temos é que viver com as sequelas e repensar os paradigmas pelos quais nos queremos pautar no futuro. Somos os “consumistas heróicos” – usando a terminologia do psicólogo e autor Vítor Rodrigues – aqueles que gastaram a rodos e se deslumbraram com empáfia e sofreguidão, mas que acabam por ser sobreviventes do seu próprio desnorteio materialista. Se anteriormente permitimos a emergência de uma (i)realidade que não estávamos orientados para gerir e o resultado está à vista, temos agora todas as condições e conhecimento para fazermos das fraquezas, força e da ignorância, sabedoria, O que não nos derrubou, fortaleceu-nos.
Estamos no momento e no sítio certo. Do caos nasce a ordem e Portugal não é a cauda da Europa onde se acumulam os detritos – como às vezes nos querem fazer pensar – mas um rosto aberto para o mundo, o país que dá cara à Europa, o precursor do V Império (numa óptica mais profética) e nas palavras de Al Gore – que passou por cá há umas semanas e sem qualquer razão para adulações – o país mais verde da EU. Nós estamos realmente à frente, muito à frente! Portugal é um país onde é bom viver, digam o que disserem.
Não faço apelo ao orgulho estúpido e nacionalista, mas sim ao contacto com a verdade, à tomada de consciência do valor das nossas competências individuais e das nossas obras colectivas. Não precisamos efectivamente que venham de fora dizer-nos quem somos. Temos que ser capazes de ser os primeiros a lançar sobre nós próprios um olhar crítico de reconhecimento, tolerância e justiça. Que todas as obras e todos os esforços dos que se empenham e vão abrindo caminho, nos sirvam de motivação e estímulo. É esse o tributo que lhes devemos.
A cada dia que passa, mais me surpreendo com os aspectos evolutivos de áreas tecnológicas e científicas em que participamos e que desenvolvemos. Andou novamente a circular um email com um artigo escrito por Nicolau Santos, elencando aspectos que nos enobrecem enquanto cidadãos deste país e que devem servir de ponto de reflexão para a reconstrução da nossa identidade e validade comunitária, a nível local e global. É importante que de quando em quando nos relembremos que já muito se construiu e se fez neste pequeno rectângulo e que não há crise para os espíritos sagazes, empreendedores e combativos. A crise é para espíritos falhos e negligentes, que não percebem que temos em mãos uma oportunidade única de regeneração.
O segredo é não deixarmos que a crise empate, mas que a sabedoria avance.

20/06/2010

O quinto vôo da borboleta

A delicadeza de um símbolo em papel, que ele me ofereceu.
Neste dia em que uma borboleta é mais do que um fim de ciclo, ou um bater de asas.
É o quinto ano de um vôo para o eterno, de uma saudade que se faz sempre nova, de memórias que assomam como visões etéreas, quase irreais.
Perceber que já tudo foi, que naquele dia a vida mudou, definitivamente.
Muito, tanto, se perdeu... Nada jamais será a mesma festa, os mesmos risos, os mesmos afectos, a casa cheia, de gente, de lágrimas, de música, de gritos, de vida!
Dessa vida que ela tanto amou, apaixonadamente.

19/06/2010

Histórias de viagem

Tenho uma mnemónica indissociável da atribuição do Nobel a José Saramago. Éramos um pequeno grupo de oito pessoas, em Outubro de 1998, em viagem pelo Peru. E naquela noite, na cidade de Cuzco, andávamos cansados à procura de um restaurante ainda aberto, que fosse minimamente apelativo para um jantar tardio. E ali aterrámos. E assim que o gerente percebeu que éramos portugueses, deu-nos os parabéns e foi buscar o jornal para nos mostrar a notícia. E assim soubémos, olhando a fotografia do escritor sobre a parangona da conquista do prémio Nobel da literatura, que Saramago tinha sido galardoado.

Um ano depois, em Outubro de 1999, éramos um grupo de dezasseis numa viagem nocturna de comboio, de quase dezassete horas, de Hannoi a Hué, no Vietname. Um comboio a cair de maduro, um serviço de bar miserável, um calor húmido que nos prostrava. Estava feita a promessa de uma longa e difícil noite. Alguém disse vamos beber para esquecer. Pingaram umas cervejas daqui e dali, ao que o guia Chris juntou uma garrafa do potente vinho-de-cobra. Foi um clique para a boa disposição, as anedotas, a paródia. Cantou-se muito e bebeu-se demais, o suficiente para soltar a fadista que há em mim e esgoelar-me nuns fados da Amália Rodrigues.
No dia seguinte, num telefonema para a família, soube que o meu sobrinho tinha nascido e a Amália tinha morrido.

E ontem, quando um dos meus companheiros de viagem me disse estou a ligar-te por causa do Saramago, lembro-me sempre da viagem ao Peru quando se fala dele, percebi que as memórias de viagem não são privadas, são também o memorial de uma história colectiva.

18/06/2010

O imperativo masculino

Seja como for amor existe e vale a pena (...) Depois é... ter juízo quando realmente acontece, a dois, com pés e cabeça. E é nisso que mais falhamos. No juízo. Até porque hoje em dia estamos formatados para pensar apenas o "melhor para mim", o que qualquer criatura inteligente sabe ser dicotómico face ao amor. Quem quer o melhor para si dificilmente amará "à campeão". Quem ama de forma saudável sabe que a coisa não tem nada a ver com o sucesso do princípio individualista do "melhor para mim". Capitão Microondas

Retirei estas palavras de uma caixa de comentários onde foram deixadas. Achei interessantes por virem de um homem, porque demonstram inteligência na objectivação do maior problema de uma relação que é o Eu versus o Nós, coisa que é rara na versão masculina.

Porque são maternalmente educados na óptica do receber e não do dar, os homens são os primeiros a porem as suas necessidades acima das necessidades da relação. Primeiro do que tudo estão eles, os seus desejos, o seu trabalho, as suas distracções, os seus timings, os seus compromissos com os outros. Depois vem a relação, que é assim um lugar sem prioridade e sem compromisso, onde se vai quando não se tem mais nada para fazer e que se espera seja uma espécie de oásis com uma espécie de gueixa que não levante muitas questões, nem dê muito trabalho. É um lugar para relaxar, que tem que estar sempre 100% disponível para acolhê-los. Não é um lugar de atenção ao outro, é apenas one-way receiving. É um lugar de onde eles querem tirar sem ter que pôr, é o ventre materno de que eles se alimentam até secar. É um lugar em que eles conjugam o "eu" como um verbo no imperativo. É um lugar onde qualquer mulher inevitavelmente se cansa de estar, quando percebe que já não lhe falta nenhum cromo na colecção de "nãos". E é um lugar onde infelizmente não existe livro de reclamações.

06/06/2010

Estados de alma

























Triste, pela morte do escritor João Aguiar, aos 66 anos.
Enriquecida, pelos ecos da nossa história que me chegaram pela sua mão.
“A Voz dos Deuses”, A Hora de Sertório”, “O Trono do Altíssimo”.
Preciosos momentos de leitura na minha vida e um enorme contributo ao romance histórico português.
Sem palavras, o meu agradecimento, admiração e louvor.

31/05/2010

O fim do Hospital de Dona Estefânia

Já começa a chatear tanto disparate governamental!

O Ministério da Saúde quer encerrar o Hospital de Dona Estefânia, fazendo com que as crianças passem a ser tratadas nos serviços do futuro hospital geral de adultos que substituirá todos os hospitais civis de Lisboa (Hospital de Todos os Santos - Marvila/Chelas).

A "Plataforma Cívica em Defesa de um Novo Hospital Pediátrico para Lisboa", defende que então também seja construído um novo hospital pediátrico servido por profissionais inteiramente dedicados à criança, a fim de evitar o retrocesso técnico, ético e civilizacional, proposto pelo Ministério.

E mais, convoca-nos a não permitir que o actual espaço do Hospital Dona Estefânia seja sacrificado aos interesses imobiliários, mas que se mantenha dedicado à criança e às instituições que a apoiam, conforme o desejo da Rainha fundadora que há 150 anos o doou à Cidade.

A Cidade é de quem? Dos cidadãos, ou de alguns políticos que insistem em cometer erros que teremos de pagar mesmo depois de terminados os seus mandatos?

25/05/2010

Histórias de paixão



Acredito na transformação do mundo pela força e criatividade da energia feminina, seja qual for o seu veículo. Isto significa que não sou feminista, que reconheço e admiro nos homens a capacidade de se ligarem à sua intuição, sensibilidade ideológica e racionalismo passional (por mais paradoxal que isto possa parecer) e destaco algumas das grandes figuras históricas que nos são mais próximas e que para mim são referências desse apostolado, Jesus Cristo, Gandhi, Dalai Lama, Martin Luther King, Nelson Mandela, entre outros.

Creio, no entanto, que o que nos faz cair facilmente num discurso mais enfático sobre a energia do feminino conduzida por mulheres é, por um lado, o facto de as sociedades patriarcais imperarem há demasiado tempo, levando a que a sua dominação milenar priveligie o desenvolvimento social e tecnológico com base na posse, na guerra, na produção, na rentabilidade e no lucro - construindo depois sobre isto um modelo de vida, uma estrutura de família e uma rede afectivo-social - destituindo assim as sociedades do seu equilíbrio humano natural, que seria exactamente o oposto. E por outro lado, o facto de o excesso de energia masculina na política, nas guerras, na indústria do armamento, nas religiões, na gestão de empresas, na filosofia, já ter provado que causa muitos danos.

O mundo até hoje tem sido gerido pela energia do masculino. E até no céu Deus, anjos e espíritos, sempre foram interpretados no masculino.

Ao contrário da Joana Amaral Dias (que apesar do look Barbie, deve ter tomado pílulas de masculinidade à nascença), eu considero que faria muita diferença se cada vez mais as mulheres ocupassem lugares determinantes neste mundo. E isto apenas porque parece que está a ser muito difícil aos homens integrarem a sua energia feminina e fazerem da nossa história um lugar de sabedoria e paixão.

E eu que detesto política!

Alguns vivem no la la land, não fazem qualquer sacrífício e ainda nos querem vender a ideia de que as coisas não estão assim tão mal. O povo, esse, é que já não vai em cantigas, porque mudam-se os tempos e vêm outras vontades, mas tudo continua a sair-lhe do pelo.
Este orçamento, que anda a ser divulgado por e-mail, é inaceitável numa época em que nos pedem tanta contenção. Porque não nos dão o exemplo os senhores deputados e demais figuras governamentais? Porque não seguem o nobre exemplo dos colegas suecos?

Poderão aceder através do site
http://www.dre.pt
Diário da República nº 28 – I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 – RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010
Algumas rubricas do orçamento da Assembleia da Republica

1 – Vencimento de Deputados ………………………12 milhões 349 mil Euros
2 – Ajudas de Custo de Deputados……………………2 milhões 724 mil Euros
3 – Transportes de Deputados ………………………3 milhões 869 mil Euros
4 – Deslocações e Estadas …………………………2 milhões 363 mil Euros
5 – Assistência Técnica (??) ………………………2 milhões 948 mil Euros
6 – Outros Trabalhos Especializados (??) ……………3 milhões 593 mil Euros
7 – RESTAURANTE,REFEITÓRIO,CAFETARIA…………..961 mil Euros
8 – Subvenções aos Grupos Parlamentares……………..970 mil Euros
9 – Equipamento de Informática …………………….2 milhões 110 mil Euros
10- Outros Investimentos (??) ……………………..2 milhões 420 mil Euros
11- Edificios ……………………………………2 milhões 686 mil Euros
12- Transfer’s (??) Diversos (??)………………….13 milhões 506 mil Euros
13- SUBVENÇÃO aos PARTIDOS na A. R. ………………16 milhões 977 mil Euros
14- SUBVENÇÕES CAMPANHAS ELEITORAIS ….73 milhões 798 mil Euros

NO TOTAL a DESPESA ORÇAMENTADA para o ANO de 2010, é € 191 405 356,61 (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) – Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República .
Cada deputado, em vencimentos e encargos directos e indirectos, custa ao país cerca de 700.000 Euros por ano. Ou seja cerca de 60.000 Euros mês.

"Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"
Sophia de Mello Breyner

21/05/2010

Maio teu


Mais um dia, o teu.
Maio em flor, maduro ou verde.
Que importa se o tempo se esfuma e nos abandona na primavera
onde nos tecemos.
Que importa o outono, o inverno, se antes deles fizémos a festa da
cor e do mar.
Que seja essa a cumplicidade, o corpo fechado na sua veste e a
alma sorrindo-se de eternidade.

23/04/2010

Cotas em dia

Há uma lacuna entre a idade jovem, que a sociedade dita ser até cerca dos 35, e a idade senior que, subentende-se, começa aos 65 com a reforma.
Temos, portanto, um intervalo de 30 anos em que supostamente já não somos novos (apesar de o nosso espírito dizer que sim), ainda não somos velhos (apesar da vista cansada e outras coisitas já o quererem anunciar), estamos madurinhos mas não gostamos de nos encaixar no rótulo impreciso e foleiro da "meia-idade". Gentilmente os ainda mais jovens, talvez sensíveis à nossa sensibilidade e num vislumbre do que lhes reserva o futuro, referem-nos com este tolerável - mas não menos impreciso e preconceituoso - título: "cotas".
O porquê de chamarem tal coisa aos passageiros desta faixa etária, a qual eu inequivocamente denominaria l' age suprème por mil e uma razões (a começar pelo glamour do nome), era uma ignorância que eu queria colmatar.

Aqui fica, para pôr o conhecimento em dia. "Cota" em Angola designa «o mais velho». Tem origem na palavra "díkota", do Quimbundo (língua bantu de Angola), com o mesmo sentido.

22/04/2010

Verdadómetros

Detector de mentiras para TV
O programa de actualidades "This Week", emitido pela cadeia norte-americana ABC aos domingos de manhã, vai acrescentar uma funcionalidade online que os convidados políticos poderão não apreciar: verificação de factos.
Os produtores do programa estão em conversações com o website politifact.com para aplicarem o "Verdadómetro" do site (verdade, meia-verdade, mentira, "dentes a cair") aos responsáveis governamentais e legisladores entrevistados.
In i, 20/04/2010

Quando os houver nas nossas televisões, haverá alguma dificuldade em encontrar candidatos a entrevistados. Penso eu de que...

Crença

Não importa saber se nós acreditamos em deus, o que importa saber é se deus acredita em nós.

Mário Quintana

21/04/2010

Em lado nenhum

Quando eu era pequena tinha a capacidade natural de me ausentar do corpo se me sentia infeliz, ou se a vida não me estava a agradar. Deitava-me na cama, fechava os olhos e começava a observar-me respirar, como espectadora. Depois acontecia o clique, que eu não consigo explicar como era: observadora e observada separavam-se e lá estava eu do lado de fora, a ver o meu corpo deitado. Ficava ali a pairar numa outra dimensão e sentia-me tão serena! Pensava, 'já não é nada comigo, eu estou aqui, sossegada. Ali em baixo não sou eu, é outra coisa, uma cápsula'. Era assim que eu suportava a vida real, eu sabia que havia um outro lado.
Depois, também já não sei como, regressava a mim. Não adiantava não querer voltar; nesse movimento de retorno eu não tinha qualquer intervenção, quisesse ou não quisesse, eu era atraída em espiral para meu corpo.
Isso para mim era um processo natural e só muito mais tarde vim a saber que tem o nome de “saída de corpo” e que (porque os cientistas não o sabem explicar) é considerado um fenómeno paranormal (vulgo fantasioso, irreal e quiçá psicótico). Mas isso agora pouco interessa.


Tenho pena que agora já não se passe dessa maneira, que eu já não consiga evadir-me voluntariamente quando a vida me magoa e que, apesar do combate que lhe faço, a formação cartesiana ainda tenha o poder de sabotar processos intuitivos e naturais. Eu era mais feliz quando ficava a pairar, ou quando fazia viagens interestelares e me comunicava com seres superiores que me liam a alma, sabiam quem eu sou e me enchiam de uma energia muito forte chamada Amor. Eu tinha os canais abertos, sentia-me parte integrante do cosmos, sabia o meu verdadeiro nome, entrava na essência do meu ser.
Temo que seja um processo sem retorno, que tenha perdido a conexão, que a maturidade seja um lugar sem magia. Temo que nunca mais me volte a encontrar.

15/04/2010

Anúncios em prol do meio-ambiente

Esta campanha foi feita para a World Wildlife Fund. À medida que o papel acaba, o verde da América do Sul também desaparece, simbolizando o impacto ambiental que o uso de simples toalhas de papel é capaz de provocar, além de alertar para outros desperdícios que podem levar às mesmas consequências.

Este anúncio utiliza o movimento da sombra no cartaz para demonstrar como o aquecimento global levará ao aumento do nível dos oceanos.  

“Veja quanto monóxido de carbono deixará de emitir se não conduzir apenas por um dia". Esta é a mensagem que aparece na gigantesca nuvem preta presa ao tubo de escape, depois de cheia com o fumo expelido pelo carro durante um dia de utilização.


Diesel, a fabricante italiana de roupas, no fim de Janeiro fez publicidade em jornais, revistas e outdoors, com modelos vestindo roupas da marca num mundo afectado pelo aquecimento global: nas fotos vê-se o Cristo Redentor coberto de água até aos pés e Nova York praticamente submersa.

SAFE é uma instituição de protecção dos animais que faz várias campanhas para expor a sua utilização desnecessária em experiências e actividades comerciais. Os anúncios denunciam o uso das peles em botas, casacos e outros produtos.
"Use a electricidade com sabedoria", é o anúncio da companhia de energia Eskom, da África do Sul.
"A moda faz mais vítimas do que você pensa". Da Agência O & M, da Índia.

05/04/2010

Fica a pergunta no ar...

Esta pergunta foi a vencedora num congresso sobre vida sustentável:


"Todos pensam em deixar um planeta melhor para os  nossos  filhos...
Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


Volte-face


01/04/2010

Renovação


É Abril, primeiro.
Mas o tempo renova-se sem enganos.
O universo não mente com as suas cores,
Nem o céu, nem as nuvens, nem o mar.
Em mim, a bonomia ressurge e olho-o amorosa,
Fundindo-me na imensidão do que é perfeito.
A vida agora revela-se, nua, alva, despida de mácula.
É Abril, o primeiro aqui, contigo.

24/03/2010

Jazz pela Madeira

JAZZ PELA MADEIRA é um evento de solidariedade para com as vítimas desalojadas da Madeira, a realizar no Centro Cultural Malaposta, domingo, dia 28 de Março de 2010, pelas 21h30.

Este evento caracteriza-se por um espectáculo de Jazz e um leilão de obras de arte, cujos fundos angariados serão transformados em bens (sentidos como necessários no terreno) e enviados para as pessoas que ficaram desalojadas, através da Caritas do Funchal.


 
Concerto: Maria Viana (voz), Kirk Ligtsey (piano), Rão Kyao (sopros), Carlos Barreto (contra-baixo)
Obras de: Tomáz Vieira, Eduardo Nery, Sara Maia, Sofia Areal, Luís França Machado, Manuel Botelho, Jorge Pinheiro, Vanda Vilela, José Cândido, Maria Amaral, Cruzeiro Seixas, Raul Perez, Silva Palmeira e Francisco Aquino.


Este evento não está a ser divulgado através dos meios institucionais, pelo que se agradece a todos a colaboração na sua divulgação.

17/03/2010

Coisas que não somos

Alguns meses antes de a minha mãe morrer (ainda nem estava diagnosticado o cancro), participei numa formação sobre estas questões e percebi de uma vez por todas como é importante falar da morte sem rodeios, sem considerar que é mórbido ou um assunto tabu. Sinceramente, perdi a tolerância para estas atitudes de "faz de conta".

Já aqui falei sobre isto. A minha mãe era uma pessoa muito activa e imaginativa, e em tudo quanto era folha de papel, blocos, agendas, caderninhos, escrevia projectos, histórias, pensamentos, experiências de vida... E coleccionava coisas de viagens, guardanapos, pratinhos, souvenirs. Guardava tudo. Esse apego é contagioso, porque quando alguém morre, quem fica apega-se a essas mesmas coisas, porque personifica nelas o ente querido, e é um grande sofrimento libertar-se delas. Por isso, entre outras coisas, pedi-lhe que organizasse a sua papelada, que deitasse fora o que era supérfluo, porque iria custar-nos muito decidir o que fazer-lhes, quando ela morresse.
Valeu-me o facto de ela ser uma pessoa sensível a estas questões, só não me valeu o curto tempo que teve para cumpri-las. Mas mesmo assim, alguma coisa foi feita e o simples facto de termos falado sobre o assunto deu-me maior liberdade de acção.

Olho à minha volta e vejo que estou perante um ambiente análogo. Papéis, recortes, canetas, revistas, chaves, fios, caixas cheias de tudo e de não sei quês... Ele identifica-se com as suas coisas como partes integrantes da sua identidade, o que, a meu ver, o leva à crença de que não pode viver sem elas, de que se sentirá desvinculado de si mesmo na sua ausência.
Como poderei então eu, algum dia, desapegar-me da sua identidade, do que ele é?
Quanto a mim, quando eu morrer pode ir tudo para o lixo, mesmo as coisas de que mais gosto. As coisas só valem pela utilidade que têm enquanto eu viver aqui, depois deixam de me ser úteis e não me revejo, nem me quero perpetuar nelas. O que fui, sou, está no que fiz, não no que tenho e nem sequer nas minhas palavras.

15/03/2010

Vida e morte, o par eterno

Pergunto-me inúmeras vezes se quando falamos de vida e morte sentimos mesmo de que se trata apenas de um ciclo. Aceitamos quase poeticamente os ciclos de finitude e renascimento sucessivos da natureza - os Outonos e Primaveras que nos encantam - mas temos imensa dificuldade em aceitar essa finitude para nós próprios.

Aprendemos, ao longo da História, que todas as civilizações tiveram tradições espirituais e religiosas que acreditavam na vida para além da morte. Mas apesar de algumas dessas tradições ainda subsistirem, na sociedade moderna a crença profunda perdeu-se do colectivo cultural e não sustenta o nosso caminhar. Nós não somos efectivamente criados e orientados nesse acreditar, já não nos está na massa do sangue.
Quanto maior for o apego às coisas materiais, menor é a disponibilidade para as questões do espírito. De alguma forma isto explica-me porque se afastaram as sociedades de consumo das crenças filosofico-religiosas. Os deuses de agora são outros.
Talvez por isso nos amedrontemos tanto face à morte e, particularmente no ocidente, seja tão constrangedor pensar,  falar, ou mesmo encarar a sua presença.  Falta-nos o sentido. Por isso fazemos como a avestruz, enterramos a cabeça na areia e recusamos vê-la. É como se ela não fizesse parte da vida.
No entanto, o que dá sentido à nossa vida é, em última análise, o que dá sentido à nossa morte. Cumprimo-nos e fechamos o ciclo. Estarmos bem connosco e com os outros é tão essencial para a harmonia da nossa vida, como é vital para a serenidade necessária nos últimos momentos. Necessária para quem parte, para que parta com a consciência de missão cumprida; e para quem fica, para que viva com a consciência de que fez o que estava ao seu alcance e faça o seu luto em paz.

Se interiorizarmos que a morte pode chegar a qualquer momento os nossos dias serão mais ricos, porque essa consciencialização faz a diferença e leva-nos a conferir maior intensidade à nossa vivência, a buscar a nossa plenitude, a procurar curar e nutrir os nossos vínculos afectivos, a dar prioridade ao que dá sentido à nossa existência. Inclusivamente, confere-nos maior sentido prático em assuntos que poderão ser problemáticos para quem nos sobrevive.
E isto só é possível pelo afecto, pelo diálogo, pelo desfazer de tabus e preconceitos, e pelo confronto com o medo.

"Viver Não Dói" (Excerto)
Carlos Drummond de Andrade

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
(…)
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-nos do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável,
O sofrimento é opcional.

Tal qual como cá!



Vida dura? É a dos deputados portugueses, pobrezinhos...

25/02/2010

Antes a ignorância

Para mal de todos nós, o que aconteceu na ilha da Madeira não é caso único, nem do ponto visto dos fenómenos da natureza, nem do ponto de vista do pré-conhecimento e falta de prevenção.
A propósito do vídeo reproduzido aqui, pergunto-me de que valem os esforços de cientistas e ambientalistas e os recursos investidos em pesquisa? Porque fazemos tanta questão de sermos informados se fechamos os olhos e não agimos preventivamente?
E esta cegueira estende-se do micro ao macro, à vida do planeta. Há quantos anos não estamos a ser alertados por todos os cientistas e "al gores" deste mundo, quanto às condições de insustentabilidade e alterações drásticas do nosso planeta azul?
E não vale a pena sermos cínicos e apontarmos o dedo para alguém. Todos temos responsabilidades. No dia-a-dia nem sequer fazemos o que está ao nosso alcance. Consumimos demasiada água, demasiada electricidade, demasiado petróleo, demasiada carne; não reciclamos, não prescindimos do uso automóvel, não optamos por produtos ecológicos; não exigimos das autarquias, dos governos, o cumprimento das regras de segurança e preservação ambiental; não fazemos nenhum movimento planetário para exigir a assinatura e cumprimento globais do protocolo de Kioto; não impomos de forma peremptória e drástica (temos esse direito!) às indústrias que optem por processos não poluentes, etc, etc, etc.
Estamos calmamente à espera de ruir, com o aviso e conhecimento de todos.
Temos tanto de grandioso, como de estúpido.
Duvido que sejamos os seres mais inteligentes à face da terra, mas somos decerto os únicos que utilizamos o raciocínio para criar o mundo à nossa volta para depois o podermos destruir. Negoceamos a paz, ao mesmo tempo que promovemos a indústria de armamento; poluímos o planeta, ao mesmo tempo que estudamos formas não poluentes de o habitar; preservamos em laboratório ADN de espécies animais, ao mesmo tempo que as levamos à extinção; desenvolvemos estudos de prevenção de tragédias, ao mesmo tempo que ignoramos a implementação das medidas de segurança. E por aí fora... são muitos os exemplos de antagonismo, simultâneo, sobreposto, interseccionado, cruzado. Infelizmente, a estupidez e a inteligência não são linhas paralelas.
Parece que a diversão da humanidade com o planeta é mesmo esta, conhecer, dominar, pôr ordem, versus usar, exaurir, destruir. O drama, é que quando o brinquedo redondinho e azul se estragar, leva-nos com ele.
Talvez seja para isso, afinal, que temos tanta informação, que pagamos tanto para tê-la: morreremos com conhecimento de causa. Estúpidos mas informados.

18/01/2010

Ajuda ao Haiti

Nunca é demais ajudar na divulgação das instituições que estão a prestar ajuda ao Haiti. O esforço que nos é pedido é muito pequeno e o resultado faz toda a diferença.

"[O Haiti] depende desesperadamente da ajuda internacional para sobreviver e para começar uma nova vida. 80% da população vivia com menos de UM dólar, agora vive sem nada. Se cada português doar 1 euros, são 10 milhões de euros".

Os donativos podem ser efectuados:
- Nas Caixas Multibanco, Menu “Transferências”, Seleccionar “Ser Solidário”, Optar por “UNICEF”
(Para obter o comprovativo do donativo, válido para efeitos fiscais, seleccionar a opção “Factura” e introduzir o Número de Contribuinte)
- Por Cheque:
Comité Português para a UNICEF
Av. António Augusto de Aguiar, 56 – 3º Esq.
1069-115 Lisboa
- Por depósito ou transferência bancária para a conta na Caixa Geral de Depósitos NIB 0035 0097 00001996130 31.

"A população do Haiti precisa urgentemente de todo o nosso empenho e para isso precisamos do seu contributo para a aquisição de mais medicamentos, material de penso e sutura, e todos os meios que vierem a ser necessários para prestar ajuda directa e sem demora às vítimas que sobreviveram a esta catástrofe de dimensões dantescas".

Pode efectuar o seu donativo para:
- Conta Emergência BES, NIB 0007 0015 00400000006 72
- Multibanco, em Pagamento de Serviços, Entidade 20 909 / Refª 909 909 909.