Páginas

25/02/2010

Antes a ignorância

Para mal de todos nós, o que aconteceu na ilha da Madeira não é caso único, nem do ponto visto dos fenómenos da natureza, nem do ponto de vista do pré-conhecimento e falta de prevenção.
A propósito do vídeo reproduzido aqui, pergunto-me de que valem os esforços de cientistas e ambientalistas e os recursos investidos em pesquisa? Porque fazemos tanta questão de sermos informados se fechamos os olhos e não agimos preventivamente?
E esta cegueira estende-se do micro ao macro, à vida do planeta. Há quantos anos não estamos a ser alertados por todos os cientistas e "al gores" deste mundo, quanto às condições de insustentabilidade e alterações drásticas do nosso planeta azul?
E não vale a pena sermos cínicos e apontarmos o dedo para alguém. Todos temos responsabilidades. No dia-a-dia nem sequer fazemos o que está ao nosso alcance. Consumimos demasiada água, demasiada electricidade, demasiado petróleo, demasiada carne; não reciclamos, não prescindimos do uso automóvel, não optamos por produtos ecológicos; não exigimos das autarquias, dos governos, o cumprimento das regras de segurança e preservação ambiental; não fazemos nenhum movimento planetário para exigir a assinatura e cumprimento globais do protocolo de Kioto; não impomos de forma peremptória e drástica (temos esse direito!) às indústrias que optem por processos não poluentes, etc, etc, etc.
Estamos calmamente à espera de ruir, com o aviso e conhecimento de todos.
Temos tanto de grandioso, como de estúpido.
Duvido que sejamos os seres mais inteligentes à face da terra, mas somos decerto os únicos que utilizamos o raciocínio para criar o mundo à nossa volta para depois o podermos destruir. Negoceamos a paz, ao mesmo tempo que promovemos a indústria de armamento; poluímos o planeta, ao mesmo tempo que estudamos formas não poluentes de o habitar; preservamos em laboratório ADN de espécies animais, ao mesmo tempo que as levamos à extinção; desenvolvemos estudos de prevenção de tragédias, ao mesmo tempo que ignoramos a implementação das medidas de segurança. E por aí fora... são muitos os exemplos de antagonismo, simultâneo, sobreposto, interseccionado, cruzado. Infelizmente, a estupidez e a inteligência não são linhas paralelas.
Parece que a diversão da humanidade com o planeta é mesmo esta, conhecer, dominar, pôr ordem, versus usar, exaurir, destruir. O drama, é que quando o brinquedo redondinho e azul se estragar, leva-nos com ele.
Talvez seja para isso, afinal, que temos tanta informação, que pagamos tanto para tê-la: morreremos com conhecimento de causa. Estúpidos mas informados.