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18/06/2010

O imperativo masculino

Seja como for amor existe e vale a pena (...) Depois é... ter juízo quando realmente acontece, a dois, com pés e cabeça. E é nisso que mais falhamos. No juízo. Até porque hoje em dia estamos formatados para pensar apenas o "melhor para mim", o que qualquer criatura inteligente sabe ser dicotómico face ao amor. Quem quer o melhor para si dificilmente amará "à campeão". Quem ama de forma saudável sabe que a coisa não tem nada a ver com o sucesso do princípio individualista do "melhor para mim". Capitão Microondas

Retirei estas palavras de uma caixa de comentários onde foram deixadas. Achei interessantes por virem de um homem, porque demonstram inteligência na objectivação do maior problema de uma relação que é o Eu versus o Nós, coisa que é rara na versão masculina.

Porque são maternalmente educados na óptica do receber e não do dar, os homens são os primeiros a porem as suas necessidades acima das necessidades da relação. Primeiro do que tudo estão eles, os seus desejos, o seu trabalho, as suas distracções, os seus timings, os seus compromissos com os outros. Depois vem a relação, que é assim um lugar sem prioridade e sem compromisso, onde se vai quando não se tem mais nada para fazer e que se espera seja uma espécie de oásis com uma espécie de gueixa que não levante muitas questões, nem dê muito trabalho. É um lugar para relaxar, que tem que estar sempre 100% disponível para acolhê-los. Não é um lugar de atenção ao outro, é apenas one-way receiving. É um lugar de onde eles querem tirar sem ter que pôr, é o ventre materno de que eles se alimentam até secar. É um lugar em que eles conjugam o "eu" como um verbo no imperativo. É um lugar onde qualquer mulher inevitavelmente se cansa de estar, quando percebe que já não lhe falta nenhum cromo na colecção de "nãos". E é um lugar onde infelizmente não existe livro de reclamações.

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