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18/06/2010

O imperativo masculino

Seja como for amor existe e vale a pena (...) Depois é... ter juízo quando realmente acontece, a dois, com pés e cabeça. E é nisso que mais falhamos. No juízo. Até porque hoje em dia estamos formatados para pensar apenas o "melhor para mim", o que qualquer criatura inteligente sabe ser dicotómico face ao amor. Quem quer o melhor para si dificilmente amará "à campeão". Quem ama de forma saudável sabe que a coisa não tem nada a ver com o sucesso do princípio individualista do "melhor para mim". Capitão Microondas

Retirei estas palavras de uma caixa de comentários onde foram deixadas. Achei interessantes por virem de um homem, porque demonstram inteligência na objectivação do maior problema de uma relação que é o Eu versus o Nós, coisa que é rara na versão masculina.

Porque são maternalmente educados na óptica do receber e não do dar, os homens são os primeiros a porem as suas necessidades acima das necessidades da relação. Primeiro do que tudo estão eles, os seus desejos, o seu trabalho, as suas distracções, os seus timings, os seus compromissos com os outros. Depois vem a relação, que é assim um lugar sem prioridade e sem compromisso, onde se vai quando não se tem mais nada para fazer e que se espera seja uma espécie de oásis com uma espécie de gueixa que não levante muitas questões, nem dê muito trabalho. É um lugar para relaxar, que tem que estar sempre 100% disponível para acolhê-los. Não é um lugar de atenção ao outro, é apenas one-way receiving. É um lugar de onde eles querem tirar sem ter que pôr, é o ventre materno de que eles se alimentam até secar. É um lugar em que eles conjugam o "eu" como um verbo no imperativo. É um lugar onde qualquer mulher inevitavelmente se cansa de estar, quando percebe que já não lhe falta nenhum cromo na colecção de "nãos". E é um lugar onde infelizmente não existe livro de reclamações.

05/06/2009

O drama feminino no mais natural acto fisiológico


Porque é que as mulheres demoram tanto tempo quando vão à casa de banho?

Quando eras pequenina, a tua mamã levava-te à casa de banho, ensinava-te a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punha cuidadosamente tiras de papel no perímetro da sanita.

Finalmente instruía-te: "Nunca te sentes numa casa de banho pública!". Depois ensinava-te a "posição", que consiste em balançar-te sobre a sanita numa posição de sentares-te sem que o teu corpo tenha contacto com o tampo.

A "posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante e necessária, que a acompanha para o resto da vida. Mas ainda hoje, nos nossos anos de maioridade, a "posição" é dolorosamente difícil de manter, sobretudo quando a tua bexiga está quase a rebentar.

Quando tens que ir a uma casa de banho pública, encontras uma fila enorme de mulheres... Parece até que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso resignas-te a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de "estou aqui estou a mijar-me!".

Finalmente é a tua vez! E chega a típica mãe com a menina que não aguenta mais: "a minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente!". Então espreitas por baixo de cada cubículo para ver se algum não tem pernas... Estão todos ocupados!

Finalmente abre-se um e lanças-te lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair.

Entras e vês que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa… Penduras a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho!!!
Inspeccionas a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos e não te atreves a pousá-la lá, por isso penduras a mala no pescoço enquanto vês como balança debaixo de ti, sem contar que a alça te desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foste metendo lá para dentro durante meses e a maioria das quais não usas, mas que tens no caso de…

Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixas as calças num instante e pões-te "na posição"…

AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as tuas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estás suspensa no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-te a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-te o pescoço!

Gostarias de te sentar, mas não tiveste tempo para limpar a sanita nem a tapaste com papel. Racionalmente achas que não vai acontecer nada, mas a voz da tua mãe faz eco na tua cabeça "nunca te sentes numa sanita pública", e então ficas na "posição de aguiazinha", com as pernas a tremer… e por uma falha de cálculo da distância, um finííííssimo fio do jacto salpica-te e molha-te até às meias!!

Com sorte não molhas os sapatos… É que adoptar "a posição" requer uma grande concentração e perícia!

Para distanciar a tua mente dessa desgraça, procuras o rolo de papel higiénico... mas não há! Invariavelmente, o suporte está vazio!!!!

Então rezas aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tens na mala pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… Mas para procurar na tua mala tens de soltar a porta!? Duvidas um momento, mas não tens outro remédio. E quando soltas a porta, alguém a empurra, dá-te uma traulitada na cabeça que te deixa meio desorientada, mas rapidamente tens que travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!!

E assim toda a gente que está à espera ouve a tua mensagem. Ufa! Já podes soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras).

Encontras o lenço de papel! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazes tudo para esticá-lo. Finalmente consegues e limpas-te. Mas o lenço está tão velho e usado que já pouco absorve, e molhas a mão toda! Valeu-te de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão!

Ouves a voz de outra mulher nas mesmas circunstâncias que tu, "alguém tem um pedacinho de papel a mais?".

Sem contar com o galo que ganhaste com a pancada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que te corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da tua mãe que estaria envergonhadíssima se te visse assim porque ela nunca tocou numa sanita pública ("Francamente, tu não sabes que doenças podes apanhar aqui, até podes ficar grávida". Lembram-se???).
Estás exausta! Quando páras já não sentes as pernas, arranjas-te rapidíssimo e puxas o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante!

Depois lá vais para o lavatório. Está tudo cheio de água (ou será xixi? ocorre-te isto porque te lembras do lenço de papel…), então não podes soltar a mala nem durante um segundo. Pendura-la no teu ombro. Não sabes como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tentas até te sair um jactozito de água fresca e com sorte consegues sabão. Lavas-te numa posição do corcunda de "Notre Dame" para a mala não resvalar e ficar debaixo da água.

Nem sequer usas o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secas as mãos nas tuas calças – porque não vais gastar mais um lenço de papel para isso, se é que o tens... E sais.

Nesse momento vês o teu namorado, ou marido, que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges enquanto te esperava.

"Mas por que é que demoraste tanto?" - pergunta-te o idiota.

"Havia uma fila enorme" - limitas-te a dizer. Para quê mais? Ele nunca entenderia...

Moral da história: A razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho é por solidariedade. Uma segura-te na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa-te o lenço de papel por debaixo da porta. Assim é muito mais rápido e só tens que te concentrar em manter "a posição" e a tua dignidade.

(Recebida por e-mail/autora desconhecida)

08/07/2008

A história das coisas

Reservem 20 minutos do vosso tempo para ver este vídeo, que vale bem a pena. Fala-nos do sistema que mantém a sociedade de consumo activa e do conhecimento que temos que ter sobre a sua dinâmica para que possamos mudar mentalidades e construir um outro sistema mais equilibrado, saudável e justo.

http://video.google.com/videoplay?docid=-3412294239230716755&hl=en

08/05/2008

Seixo na água

Há uma imagem mental que me acompanha na noção de que uma acção isolada, por pequena que pareça aos nossos olhos, tem consequências que podem ser surpreendentes e gerar movimentos de influência cada vez maiores. É o efeito "seixo na água". Ao ser lançado, o seixo provoca a formação de círculos à sua volta, em tamanho crescente. Este é também o efeito das nossas acções. Se tivermos actos de atenção e generosidade com alguém, essa pessoa vai ficar positivamente influenciada e da mesma maneira vai influenciar cada pessoa do seu círculo de relações, depois cada uma destas as do seu e assim sucessivamente. Isto também é verdade para as acções negativas, têm o mesmo efeito de multiplicação. Isto é, se hoje alguém me aborrecer e eu influenciar negativamente 5 pessoas do meu círculo, no final do dia poderão estar uns bons milhares de pessoas com mau humor...

06/05/2008

04/05/2008

Ponto final

Há dias que acabam assim, felizes. Perguntou-lhe "E se fôssemos ao outro lado?". Entraram no cacilheiro e foram abraçados, olhando a espuma entre as manchas da vidraça, imersos nas suas travessias. Caminharam de mãos dadas pelo passeio ribeirinho, sem pressa, sentindo no espaço aquela presença que era a deles.
No contraste da noite deixaram-se encantar por uma pequena mesa, que envolta pela bruma alaranjada das velas, parecendo tocar o rio, esperava para acolhê-los.
E ali ficaram na penumbra daquela luz ténue, avistando a cidade linda do outro lado como numa tela de cinema.
Voltaram tranquilos, sorridentes, enleados na sua própria ternura, ao cais, ao cacilheiro, à travessia. Novamente o olhar perdido na vidraça. E no final, por uns segundos, aqueles breves segundos que leva o tempo do retorno, todos saíram.
E eles ficaram ali, abraçados, esquecidos nos seus pensamentos de água.

29/03/2008

Um dia no meio dos outros

Andava assim há uns tempos, vazia, triste, com aquele sentimento de desatino que nem se sabe de onde vem, de quem anda num labirinto à procura da ponta do fio para se salvar. No trabalho as horas gastas em quesílias faziam-se imensas e enfadonhas. E já nem lhe interessava consertar fosse o que fosse. Os dias arrastavam-se nesse descontentamento sem fim.
Perguntava-se onde iria buscar forças para voltar ali ainda mais uma, duas, três vezes... "só deus sabe!". Quando sentia ansiedade ausentava-se em pensamentos por ele. Refugiava-se na força do seu abraço e na maciez da sua pele. Sentia-lhe o calor, o perfume, o hálito próximo e serenava.
Naquela manhã saiu depressa, angustiada e impaciente com as horas e com o que teria pela frente, abreviando o habitual beijo e o abraço demorado da despedida, que tanta falta lhes fazia.
Sentia o coração aos pulos, a cabeça a zunir, fruto da ansiedade e de noites mal dormidas. Conduzia rapidamente,"um dia estampo-me para aqui e vou-me que nem uma estúpida!". Receou, reduziu. Voltou a acelerar, "mas não há-de ser hoje".
Estava ansiosa para ver o final à manhã. Felizmente a tensão que estava no ar não se materializou. Tratou de tudo para sair a horas. De tarde não iria trabalhar, tinha um encontro com uma agente imobiliária para vender a casa e uma entrevista de trabalho.
Havia alguma coisa em si que palpitava, uma esperança, uma expectativa de transformação. Na Primavera tudo se renova. Num rasgo de clarividência pressentiu uma mudança na sua vida e isso deu-lhe um novo fôlego, um novo ânimo.
Sentiu uma empatia natural com a senhora da agência. Conversaram durante quase uma hora. Gostou do seu humanismo, da sua integridade e sentido de ética, e ficou contente por lhe poder proporcionar a venda da casa. Sentiu interiormente aquela satisfação que é indicadora de uma decisão tomada acertadamente.
Apanhou um táxi para chegar a horas à entrevista. Estranhamente sentiu-se muito serena, sem qualquer necessidade egóica de causar boa impressão ou de se afirmar. "Tenho que ser eu apenas". O simples facto de ir a uma entrevista de repente adquiriu uma importância fundamental para a sua auto-estima e sensação de validade profissional. A conversa decorreu com simplicidade, cordial e despretensiosa, e essa tranquilidade fez-lhe bem.
Apercebeu-se de que os acontecimentos da tarde tinham dissipado as angústias da manhã. Estava mais leve. Teve saudades dele e telefonou-lhe alegre, precisava ouvi-lo, queria estar com ele, dar-lhe o abraço apertado e o beijo que estavam em dívida desde a manhã. "Sim, daqui a bocado saio. Tenho que fazer umas compras e preparar as coisas antes do meu filho chegar. Mas vai ter comigo, vamos aproveitar este fim de tarde na esplanada".
Que bem que lhe ía saber acabar assim o dia! Poderia também ajudá-lo a preparar a casa e o jantar para receber o pequenote. Gostava de se incluir assim, verdadeiramente, na metade de tudo.
Tinha ainda que ir rapidamente levantar-lhe uns exames e para não se atrasar, desejosa que estava por esse encontro de fim de tarde, correu pelas ruas, sorridente, gaiata, feliz!

29/01/2008

Incomoda-me


Pela apologia da palhaçada.
Pela hipnose colectiva.
Pela inquietude em me deixa.