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22/12/2014

Os meus votos



Nesta quadra desejo que entre em conexão consigo, que sinta amor por si, e a partir desse amor perceba a presença da sua centelha divina. Essa é a presença Crística em cada um de nós.

E a partir dessa conexão, que irradie para o mundo à sua volta a sua compaixão e compreensão, que estenda o amor a todos os seres vivos - humanos e não humanos - qualquer que seja a sua nação, qualquer que seja a forma como escolheram estar presentes neste planeta. E que nesse amor envolva também a mãe Terra que nos acolhe, e a quem tudo devemos. E que depois o expanda para além dela, para todos os planetas e civilizações irmãs por esse universo fora... E que sinta, na mais pura essência do seu ser que todos somos manifestações de uma inteligência superior, indecifrável, onde nos unimos e que nos torna apenas UM.

Desejo que 2015, ano da abundância, lhe traga toda a força e coragem para seguir os seus sonhos, sair dos seus medos, assumir o seu poder pessoal, criar a sua vida com integridade, caminhando pelo coração, de forma autónoma, sem dependências, sem se sabotar, sem permitir interferências externas sobre si, a sua vontade a sua vida, buscando sempre a verdade.

SEJA O QUE É E O QUE VEIO PARA SER!
DE NADA SERVE A SUA LUZ SE NÃO A MOSTRAR AO MUNDO.

Feliz Natal!
Namaste!

18/02/2014

O Efeito Sombra (Debbie Ford)

A nossa sombra impede-nos de ter uma auto-expressão plena, de dizer a verdade, de viver uma vida autêntica. Só quando abraçamos a nossa dualidade é que nos libertamos de comportamentos que potencialmente nos podem fazer mal. Se nós não reconhecermos tudo o que somos, é garantido que vamos ser apanhados de surpresa pelo efeito da sombra.

Este é um documentário fabuloso que nos ajuda a conhecer o lado de nós que menos gostamos de ver e a integrá-lo, de forma a vivermos com mais honestidade, autenticidade e liberdade.

Para quem não teme o confronto consigo mesmo e quer ir mais fundo no seu trabalho de expansão pessoal.


29/12/2012

Alteração do Estatuto Jurídico do Animal Em Portugal

A vossa atenção para este movimento tão importante! PEDEM-SE TODAS AS ASSINATURAS POSSÍVEIS ATÉ AMANHÃ, DIA 30 DE DEZEMBRO

DÊEM O VOSSO APOIO AO MOVIMENTO DE PAULO [BORGES]

ALTERAÇÃO DO ESTATUTO JURÍDICO DO ANIMAL

"Este Movimento visa alterar o estatuto jurídico do animal no Código Civil, reconhecendo-o como um ser senciente, capaz de sentir dor e prazer psicofisiológicos.

Reconhecer a senciência do animal e deixar de o considerar como uma "coisa móvel" é o principal passo para proibir e punir os tremendos maus-tratos a que são sujeitos os animais em Portugal."



ASSINEM, PARTILHEM, DIVUlGUEM! Em nome do AMOR.





12/02/2012

Confissão

Já aqui confessei noutras circunstâncias, tenho e sempre tive, um enorme fascínio por Jesus Cristo, pela sua filosofia, pelo grande Ser que imagino tenha sido. Foi ele a minha primeira paixão, este homem bom, pleno de Amor, idealista, filósofo, mestre, profeta, um pouco louco talvez, mas de uma loucura corajosa, lutadora, abnegada e compassiva, que trouxe uma chama belíssima a este mundo.
Imagino como hoje tudo seria ainda mais selvagem e desumanizado, se de alguma forma a influência benéfica do seu espírito não estivesse - quase atavicamente - impregnada na nossa consciência colectiva. Para mim tem sido a grande fonte inspiradora nos mais variados momentos da minha vida.

Tive uma educação católica e frequentei um colégio religioso até aos 12 anos, que não soube cuidar da minha alma. Vivi os primeiros anos da minha existência atormentada pelos conceitos de pecado e de culpa, aterrorizada pela ideia de um deus castigador que tudo vê, todos julga e que nos aponta o inferno. E eu perguntava, na minha inocente ingenuidade, como é que o menino Jesus podia ter tido um pai tão mau?

No colégio diziam-me que por cada coisa errada que fizéssemos, por cada asneira que disséssemos, a nossa alma ía ficando maculada até perder-se de vez. Naquela altura para mim – porque era o que me diziam no confessionário – pecado era desobedecer aos pais, chamar nomes aos irmãos e ter pensamentos de dúvida em relação a deus. Por cada um destes crimes, eu via uma mancha negra aparecer na minha alma. Cumulativamente íam tomando conta dela e aos 10 anos, eu já tinha uma alma completamente carbonizada. Foi a primeira vez que desejei morrer, porque não conseguia corresponder ao que deus esperava de mim: que eu fosse perfeita. A minha alma infantil tinha sofrido demasiado e estava completamente (des)educada – maculada, mesmo – pelo nonsense da pedagogia católica de então.
Valeu-me ser muito nova e ainda estar profundamente ligada ao espírito primordial e à matriz pré-natal. Uma energia numinosa fez-se força e presença em mim: 'és um ser universal, o espírito é ilimitado, a fé vive sem regras'. Descobri o poder da minha luz interior e recuperei a alvura da minha alma.  Compreendi então que nenhum espírito elevado espera a nossa perfeição, nem nos julga pela nossa imperfeição. E percebi que o meu percurso seria pela individuação, em liberdade.

Ao longo da vida quanto mais me fui imbuindo do espírito crístico, mais me fui distanciando das instituições. Para mim, a liberdade interior, o amor incondicional e a verdade, não podem estar formatados nem regulados. Sempre senti que havia alguma usurpação e manipulação quando algo se constitui como instrumento oficial de uma concepção divina.

Não sou dogmática e nada me convence a institucionalizar as minhas crenças. Não adiro a "ismos" porque restringem e aprisionam a minha liberdade. Para crescer é preciso ter liberdade de espírito e aí não há lugar para normas, nem para representantes ou intermediários. A sua essência faz-se na verdade, tolerância e responsabilidade. Se for formatada perderá a sua essência e viverá apenas pela sua representação.

Durante muito tempo pensei que nunca seria ressarcida do meu sofrimento prematuro. Mas hoje vejo que sem ele não teria atravessado o meu deserto, nem procurado o meu sentido individual. Na verdade, acabei por encontrar nele um caminho de libertação.

22/04/2010

Crença

Não importa saber se nós acreditamos em deus, o que importa saber é se deus acredita em nós.

Mário Quintana

21/04/2010

Em lado nenhum

Quando eu era pequena tinha a capacidade natural de me ausentar do corpo se me sentia infeliz, ou se a vida não me estava a agradar. Deitava-me na cama, fechava os olhos e começava a observar-me respirar, como espectadora. Depois acontecia o clique, que eu não consigo explicar como era: observadora e observada separavam-se e lá estava eu do lado de fora, a ver o meu corpo deitado. Ficava ali a pairar numa outra dimensão e sentia-me tão serena! Pensava, 'já não é nada comigo, eu estou aqui, sossegada. Ali em baixo não sou eu, é outra coisa, uma cápsula'. Era assim que eu suportava a vida real, eu sabia que havia um outro lado.
Depois, também já não sei como, regressava a mim. Não adiantava não querer voltar; nesse movimento de retorno eu não tinha qualquer intervenção, quisesse ou não quisesse, eu era atraída em espiral para meu corpo.
Isso para mim era um processo natural e só muito mais tarde vim a saber que tem o nome de “saída de corpo” e que (porque os cientistas não o sabem explicar) é considerado um fenómeno paranormal (vulgo fantasioso, irreal e quiçá psicótico). Mas isso agora pouco interessa.


Tenho pena que agora já não se passe dessa maneira, que eu já não consiga evadir-me voluntariamente quando a vida me magoa e que, apesar do combate que lhe faço, a formação cartesiana ainda tenha o poder de sabotar processos intuitivos e naturais. Eu era mais feliz quando ficava a pairar, ou quando fazia viagens interestelares e me comunicava com seres superiores que me liam a alma, sabiam quem eu sou e me enchiam de uma energia muito forte chamada Amor. Eu tinha os canais abertos, sentia-me parte integrante do cosmos, sabia o meu verdadeiro nome, entrava na essência do meu ser.
Temo que seja um processo sem retorno, que tenha perdido a conexão, que a maturidade seja um lugar sem magia. Temo que nunca mais me volte a encontrar.

25/04/2009

A visita

Vi entrar uma menina com o cabelo castanho claro, uma mecha presa do lado direito com um elástico vermelho, caindo-lhe delicadamente sobre o rosto. Tinha um vestido com flores cor de-rosa e branco. Trazia uma flor na mão que parecia um malmequer, mas era vermelha.
Senti um grande carinho por ela quando os nossos olhos se encontrarm. Sorri e dei-lhe uma festa. Ela sentou-se ao meu lado, silenciosamente, e com alguma timidez de gestos tocou-me na mão.
Perguntei-lhe como se chamava e que idade tinha: "Vera, quatro anos". Ofereci-lhe um copo de água, disse que sim. Quis saber o que andava ali a fazer, "a passear", e se havia alguma coisa especial que procurava, "sim, um amigo para brincar". Eu disse que não podia dar-lhe esse amigo, mas que enquanto ele não aparecesse ela poderia visitar-me sempre que quisesse, para conversarmos e brincarmos. Ela anuiu e saiu devagar, dizendo que tinha lá fora um presente para mim.
Trouxe-me uma caixa embrulhada em papel vermelho e um laçarote branco.
Dentro dela estava o meu coração escrito com palavras douradas: "Cuida bem de mim. Cuida bem da tua criança interna".

29/12/2008

O espírito da matéria

Não é novidade, mas de ano para ano cada vez o Natal me parece menos celebração e mais frustração, menos espiritualidade e mais materialismo.

E digo isto sem querer melindrar a prata da casa, que faz o possível por recriar no Natal o espírito que lhe é próprio, conferindo-lhe a dimensão religiosa de origem. E vergo-me, grata, a todos que desenvolvem iniciativas que dignificam esta quadro, já que eu, honestamente, gosto de saboreá-las mas a sua confecção não me estimula.

Falava eu de frustração e materialismo.
Há dias, na secção infantil do C.I. fiquei com a sensação de que estava rodeada por um batalhão de formigas desesperadamente à procura de provisões para se garantirem no Inverno.
As listas dos pedidos ao “pai Natal” nas mãos e a expressão de frustração nos rostos, porque muitas coisas já estavam esgotadas.
Alguém comentou em desabafo “meu Deus, se eu não conseguir encontrá-los noutro lado [os presentes], isto para ele nem vai ser Natal!”. Tentei ver o rosto do comentário para ver se percebia qual seria a interpretação correcta a dar à coisa, mas a confusão era grande. Fiquei apenas a pensar nesta tendência crescente de reduzir o Natal a um amontoado de papéis e laçarotes.

Quando eu e os meus irmãos éramos miúdos e acreditávamos no Pai Natal, pedíamos coisas aparentemente impossíveis de se conseguirem, mas os meus pais davam voltas e mais voltas (eu até acho que eles faziam milagres...) e na maior parte das vezes encontravam o que queríamos. Digamos que a taxa de sucesso andava à volta dos 90%, o que para a época era um feito!
Como os nossos mealheiros eram magros, nós é que fazíamos os presentes que dávamos aos pais, aos irmãos, aos tios, à avó, ou juntávamo-nos e comprávamos “a meias” o que era possível... Uma coisa é certa, lembro-me que sempre démos, ainda que simbolicamente.

Dar fazia parte do espírito.

Mas agora uma coisa me parece cada vez mais evidente: o Natal é assim como o 1 de Junho, o dia Mundial das Crianças, só que com mais luzes e ainda mais presentes.
E até me poderia parecer natural que os presentes diminuíssem na proporção em que a idade aumenta e que as crianças sejam as grandes beneficiárias do Natal (até porque a celebração é mesmo essa, o nascimento de Jesus), se eu não estivesse preocupadamente a aperceber-me da falta de reciprocidade, de que cada vez menos as crianças estão a ser estimuladas a dar e a colaborar (contrariamente à vida de dádiva que foi preconizada por Jesus), mas apenas a pedir e a receber.
E isto não é bom.

16/06/2008

O mestre e o escorpião

Um mestre oriental viu que um escorpião estava a afogar-se e decidiu tirá-lo da água; mas quando o fez, o escorpião picou-o. Reagindo à dor, o mestre soltou o animal e ele caiu de novo à água, afogando-se. De novo o mestre tentou tirá-lo e mais uma vez o animal picou-o.
Alguém que estava a observar a cena aproximou-se do mestre e disse: "Desculpe-me mas o senhor é teimoso! Não vê que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?".

O mestre respondeu: "Ele age de acordo com a sua natureza. A natureza do escorpião é picar e isso não vai mudar em nada a minha natureza, que é ajudar".
Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.

Não mudes a tua natureza se alguém te magoar; apenas toma precauções.

Autor desconhecido

30/03/2008

As Caixas de Deus

Tenho na minha mão duas caixas que Deus me deu para segurar.
Ele disse "Pões todas as tuas mágoas na caixa negra e todas as tuas alegrias na caixa dourada".
Segui as Suas palavras e nas duas caixas, tanto as minhas alegrias como mágoas guardei.
Mas embora a dourada ficasse dia a dia mais pesada, a preta estava tão leve como antes.
Com curiosidade abri a preta, queria descobrir porquê. E eu vi, na base da caixa, um buraco por onde as minhas mágoas tinham caído.
Mostrei o buraco a Deus e perguntei divertida "Onde andarão as minhas mágoas?". Ele sorriu gentilmente e disse,"Elas estão todas aqui comigo!". Perguntei a Deus porque me havia ele dado então as caixas, porquê a dourada e porquê a preta com o buraco?. "A dourada é para manteres contigo e te lembrares sempre das coisas boas, e a preta é para te libertares das más".

25/03/2008

O Mestre interior e o diálogo com os anjos

Retiro com Jean-Yves Leloup, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor, conferencista, dominicano e depois padre ortodoxo.
«O Mestre Interior e o Diálogo com os Anjos» - de 18 a 21 de Abril de 2008 - No Centro de Férias do INATEL, em Santa Maria da Feira. Um espaço e uma oportunidade para voltar a encontrar Jean-Yves Leloup, que ajudará a irmos ao encontro de nós próprios, no silêncio, junto da natureza...
Saber mais na UNIPAZ.
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A Escada do Desejo e do Medo
de Jean-Yves Leloup
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É bom lembrar que o homem evolui através do desejo e do medo. Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. O desejo e o medo estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Poderíamos dizer, em outra linguagem, que há em nós um desejo de plenitude, de Pleroma e o medo da destruição. E nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. (...) Na primeira etapa, a partir do momento em que nascemos, temos um impulso de vida, o desejo de viver, e ao mesmo tempo em que há o medo de morrer. O desejo e o medo nascem juntos e, desde que o homem nasce, ele é bastante velho para morrer. Portanto a vida e a morte estão juntas. Se este medo de morrer é superado, a criança vai procurar um lugar de identificação, um lugar de plenitude. E vem o desejo da mãe. De se fazer uno com a mãe. A mãe é o seu mundo, é o seu corpo. Ao mesmo tempo em que nasce o desejo de unidade com a mãe, este desejo de plenitude, nasce o medo da separação da mãe. (...) Se a criança é capaz de assumir este medo e de ultrapassá-lo, ela vai procurar um outro lugar de identificação. Ela vai entrar no desejo de unidade com outro sexo. É a fase edipiana. O homem e a mulher descobrem suas diferenças sexuais e, ao mesmo tempo em que há esta busca de unidade através da sexualidade, vem o medo da castração. O medo de perder este poder, dentro de uma relação com um outro que é diferente dele. (...) Existem adultos que vivem ainda com este medo de não corresponder à imagem que seus pais tiveram delas. Eles não vivem seus próprios desejos, mas o desejo de suas mães ou o desejo de seus pais. Aí entra o trabalho da análise - descobrir qual é o meu próprio desejo e diferenciá-lo daquele do meu pai ou da minha mãe. Isto não quer dizer rejeitá-los, mesmo que dê margem a alguns conflitos. É por esta razão que o conflito entre adolescentes e seus pais é tão importante.
(...) E se ele é capaz de superar este medo, o medo de não agradar a seus pais, o medo de ser rejeitado ou julgado por eles, ele então vai crescer no sentido de sua autonomia. Surge o despertar para um novo desejo de unidade, o da identidade dele mesmo. (...) Ao mesmo tempo em que ele tem o desejo de corresponder a esta imagem social, nasce o medo de ser rejeitado pela sociedade.
(...) O medo do ostracismo, o medo de ser rejeitado pelo seu grupo, o medo de ser rejeitado pela sociedade. Aí o homem se encontra num conflito interior difícil, porque o seu desejo interior impele-o à ação, a dizer palavras que são às vezes consideradas como loucas pela sociedade. Ele tem medo de estar louco. Ele tem medo de ser anormal. Mas se ele é capaz de superar este medo, se é capaz de aceitar que os outros não o compreendam, se é capaz de assumir a rejeição do seu meio, ele vai crescer no sentido da sua autonomia. (...) Neste momento, uma voz interior recoloca tudo isto em questão. Entra- se no desejo do Self e do medo de perder o Ego. O Ego ou eu é uma abertura do ser humano a toda a sua potencialidade e o Self é esta realidade transcendental, que relativiza a beleza desta autonomia e que nos revela que há um Eu maior que o eu, que há um Eu mais inteligente que o eu, que há um Eu mais amoroso que o eu. Mas para ter acesso a este Eu mais elevado deve-se soltar as rédeas deste Eu. E passamos a uma etapa superior, que é a de entrarmos no desejo de nos fazermos um, com aquele que chamamos Deus. Esta imagem de um Deus bom, de um Deus justo, que é a projeção, no Absoluto, das mais elevadas qualidades humanas.
(...) Surge, então, um medo que os místicos conhecem bem, o medo de perder Deus. Sua imagem de Absoluto, sua representação de Absoluto. Passa- se pela experiência do vazio e esta experiência do vazio é a condição para ir a este país onde não há desejo nem medo. Não é o desejo de alguma coisa em particular nem o medo de alguma coisa em particular. Nossa vida passa sobre esta escada. Não paramos de subir e descer. Seria interessante verificar quais são as fixações, quais são os nós, porque o terapeuta, na escuta daquele a quem acompanha, deverá voltar ao ponto onde houve um bloqueio. E, para reconhecer o ponto onde houve esta parada, este bloqueio, é suficiente interrogar onde está o medo. Será o nosso medo, simplesmente, o medo de viver, o medo de existir? Quando nos sentimos demais na existência? Então podemos encontrar em nós mesmo o não-desejo de nossos pais. Descobrimos que não fomos queridos na nossa existência. É preciso passar pela aceitação deste não-desejo para descobrir, além do não-desejo de nossos pais, o desejo da vida que, em certos momentos, nos fez existir. Nosso medo poderá ser o medo da separação. É interessante observar o modo como as pessoas morrem.
(...) Nosso medo se enraíza em momentos muito particulares das nossa existência e escutar o nosso medo nos permite entrar em contato com esse momento. O terapeuta está ali para nos ensinar a não termos medo do medo, mas a fazer dele um instrumento para nossa evolução, descobrindo o desejo de viver que se esconde atrás deste medo, e que vai nos permitir ir mais longe.
(...) Este desejo de irmos além da imagem que nossos pais têm de nós. Este desejo de irmos além das imagens que a sociedade nos propõe, do que é o "homem de bem" ou uma "mulher de bem". Este desejo de irmos além do Eu, além do que o Ego considera como sendo o bem. E irmos também além da imagem que temos de Deus.

18/03/2008

A passagem

- Onde vais?
- Para a terra da passagem.
- Da passagem?
- É aquele lugar onde não estamos mas
nos sentimos estar, entre a vigília e o onírico.
- Onde tudo acontece? Onde podemos rever e reconstruir a nossa própria história?
- Sim, isso é a arte, a arte de sonhar!
- Quero ir contigo!
- Mas há um risco...
- Qual?
- O de ires atrás das quimeras e caíres, sem conseguires voltar.
- Se me deres a mão muito forte eu não caio. É essa ligação que nos prende à primeira realidade.
- Como sabes isso?

- Aprendi com
Dom Juan... Ficas comigo?
- Sempre, a minha mão e a tua serão a mesma.

27/02/2008

O meu deus não é menor

Não sou dogmática, mas tenho as minhas crenças. Nunca aderi a «ismos» por me parecer que restringem e aprisionam a nossa liberdade, confinando-nos ao facciosismo de um único modelo de pensamento, por mais amplo que possa parecer. Para crescer é preciso ter liberdade e a liberdade não tem regras. A liberdade tem a sua essência no amor e por isso não existe se for carente de verdade, de respeito, de responsabilidade. Estes são atributos de quem é livre, mas não podem ser regras já que, em última análise, toda a regra tem excepção. Mas os atributos de quem é livre são a própria essência desse estado e, portanto, imutáveis.
Tenho de facto as minhas crenças. Elas resultam da observação da vida e da forma como tudo está interligado, da dinâmica causa-efeito das acções, da constatação de que nada acontece por acaso, da materialização dos nossos pensamentos, da manifestação dos sonhos e da existência de algo não palpável, não controlável, mas que é uma realidade que todos nós vivemos num outro plano que não o físico, e à qual muitas vezes se chama transcendência.
Não gosto muito dessa definição porque só por si é separativa, dá ideia de que é algo que está muito afastado do comum mortal e que este nunca alcançará porque é apenas privilégio de alguns espíritos aprimorados. E por isso, por não conseguir reconhecer a transcendência que há em si, o comum mortal não se motiva à descoberta, tem dificuldade em compreender e aceitar tudo aquilo que não faz parte da sua vida materializada no quotidiano.
Foi por isso que comecei a escrever “deus” com minúscula. Quando era miúda e o escrevia com maiúscula, sentia-o distante, tão longe e tão inacessível, que me fazia duvidar da possibilidade de poder interagir com ele. De igual modo, quando ouvia nas missas que ele estava lá em cima, no alto, no céu, eu pensava "ele devia era estar cá em baixo, que é onde faz falta". E por necessidade dessa proximidade comecei também a tratá-lo por tu, como um amigo chegado, e a rezar “pai nosso que estás no céu e também em mim”. E nunca o senti zangado comigo, antes pelo contrário, tenho sido alvo incansável das suas bençãos. Tirei-lhe o pedestal da maiúscula, mas não o fiz menor.

24/02/2008

Prece

A ti, deus em que acredito, te peço, propaga a tua chama dentro de mim, despe-me das dores que guardei para que saiba viver, um só momento que seja, tendo o seu amor como meu guia e nas suas mãos o meu amparo.

24/01/2008

Eu pecaDora me castigo

Ontem durante uma missa de 7º dia, o meu pensamento voou para algumas questões sobre a representação da igreja na nossa cultura e debilidade espiritual. Questionava-me, por exemplo, porquê que em vez de nos juntarmos num local mais íntimo, familiar, para lembrarmos e orarmos pelo ser que partiu, nos deslocamos a uma igreja, assistimos a todo um cerimonial distanciado do nosso histórico afectivo e das nossas memórias, e ouvimos, em jeito de enumeração de premiados de alguma lotaria de bairro, o nome daquele que é a razão de estarmos ali, diluído entre tantos outros nomes. "E isto é pago", pensei.
A verdade é que há uma portagem nesta ponte que liga a dimensão terrena à divina, com gestão feita pela Igreja. Como instituição, é uma prestadora de serviços. Presta Serviços Religiosos e nós, utentes, incapazes ou descrentes da capacidade de elevar a nossa voz directamente aos céus, assinamos o contrato de intermediação.
E isto pareceu-me mal, porque sinto haver aqui uma intenção de privação da nossa autonomia e da liberdade de alcançarmos o divino apenas pela via natural da nossa vontade.
Observo o padre na preparação do cerimonial da Comunhão. Os panos, o vinho, a manipulação das hóstias…
E de repente, num sussurro cínico de S., o apelo ao real: “Ainda a ASAE não se lembrou de vir às igrejas…”. Riso abafado. Oração. “Se calhar a Igreja tinha mais fiéis se diversificasse nas hóstias, podia ter umas com cobertura de chocolate…brigadeiro, ou doce…”. Mais risos. Imaginei a inevitável pergunta do padre ao fiel “Simples ou com cobertura?”. Silêncios. Ele de volta: “E opções de vinho… Douro, Dão, Alentejo…”. E eu pensei, já sem retorno, Quem sabe champanhe… se é uma celebração!
E isto assim, só para enganar o medo.