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10/02/2008

Curva da felicidade tem a forma de um U

m estudo que envolveu dois milhões de pessoas em 80 países, incluindo Portugal, constatou um padrão mundial extraordinariamente consistente nos níveis de depressão e felicidade que torna a meia-idade o período mais problemático da vida.

O trabalho, realizado por investigadores da Universidade de Warwick e do Dartmouth College, nos Estados Unidos, com o título "Terá o bem-estar a forma de U no ciclo da vida?", vai ser publicado na revista Social Science & Medicine, a publicação de ciências sociais mais citada em todo o mundo. Os cientistas constataram que os níveis de felicidade têm a forma curva de um U, com o ponto mais alto no início e final da vida e o mais baixo na meia-idade. Muitos estudos anteriores do decurso da vida sugeriam que o bem-estar psicológico se mantinha relativamente estável e consistente com o avançar da idade. Com base numa amostra de um milhão de pessoas no Reino Unido, os investigadores concluíram que os picos de depressão são mais prováveis por volta dos 44 anos, tanto nos homens como nas mulheres. Contudo, nos Estados Unidos encontraram uma diferença significativa nos dois géneros, com a infelicidade a atingir o pico por volta dos 40 anos na mulheres e dos 50 nos homens. Num total de 72 países em todos os continentes, o estudo constatou a mesma forma de U nos níveis de felicidade e satisfação com a vida por idade. Curva igual em todos os géneros e estratos sociais. Os dois autores, ambos economistas - os professores Andrew Oswald, da Universidade de Warwick e David Blanchflower, do Dartmouth College - consideram que o efeito da curva em U tem origem no interior dos seres humanos, já que encontraram sinais de depressão no meio da vida em todos os géneros de pessoas, independentemente de terem crianças em casa, de divórcios ou mudanças de emprego ou rendimento. «Algumas pessoas sofrem mais do que outras, mas os nossos dados indicam que o efeito médio é muito amplo. Acontece tanto a mulheres como a homens, ricos e pobres, com ou sem filhos», afirma Andrew Oswald, citado no site de informações científicas AlphaGalileo. «Ninguém sabe a causa desta consistência», referiu. «Para a pessoa média no mundo moderno, tanto a saúde mental como a felicidade chegam lentamente, não de repente num único ano», observou. «Só quando chega à casa dos 50» - acrescentou - «é que a maioria das pessoas deixa de ser susceptível à depressão. Mais tarde, aos 70, mantendo-se fisicamente em forma, as pessoas, em média, podem sentir-se tão felizes e mentalmente sãs como aos 20 anos». O estudo analisou informação sobre uma amostra aleatória de 500.000 norte-americanos e europeus ocidentais a partir do Inquérito Social Geral, nos Estados Unidos, e do Eurobarómetro. Os autores analisaram, também, os níveis de saúde mental de 16.000 europeus, os níveis de depressão e ansiedade numa larga amostra de cidadãos britânicos e dados do "World Values Survey", que contém amostras de pessoas de 80 países.

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