Seria o desejável, mas tenho noção de que a velha personagem de Júlio Dinis teria uma grande dificuldade em adaptar-se a uma urbe, onde o número médio de pacientes ultrapassa em larga escala a capacidade de uma ajustada prestação de cuidados por parte dos (sempre escassos) profissionais de saúde. No entanto, há medidas que trazem um valor acrescentado no sentido da ampliação da oferta de serviços aos utentes, permitindo que estes se sintam mais acompanhados, mais valorizados, menos isolados na sua fragilidade.
Li hoje no Público que os médicos de família vão voltar a fazer consultas domiciliárias à generalidade dos utentes. Não obstante todos os argumentos que os defensores dos "copos meio-vazios" possam invocar, avalio a notícia pela sua vertente humanística. Parece-me tão importante esta reaproximação entre clínico e paciente, este contacto personalizado de cariz familiar! Isto é fundamental nos processos terapêuticos. E sem dúvida, este nivelar de posições (não sou eu que faço um esforço para ir ao médico, é ele que se disponibiliza a vir até mim), humaniza as relações ao mesmo tempo que permite ao clínico ter uma noção mais exacta do ambiente e do impacto que este possa ter sobre o paciente e o problema que manifesta.
Este é o segredo do processo de cura, a atenção e o conhecimento global para com o Ser que se apresenta ao curandeiro, o tratamento desse Ser como um todo e não como uma parte.
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