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06/03/2008

Se ….

eu fosse política por um dia,
faria da minha voz a voz reverberante e gritaria de uma vez por todas a sumidade que sou. E falaria, alto, cheio, agudo, estridente, até me incharem os pulmões, me rasgarem as cordas e o meu sopro se confundir com a atmosfera de K2O+, ainda por descobrir. Mandaria lamber as minhas feridas e as dos outros, todas, para purgar a dor dos pasmados e exorcizar o mundo. Traria a verdade em primeira mão para clarear os olhos da cegueira viciada, da indiferença entranhada, da má herança acumulada.
Deceparia com o olhar as mãos dos opositores, que impedem mudanças e rejeitam verdades. E estrebucharia, estrebucharia muito, se me quisessem agarrar para me porem mordaças ou coletes de força. Faria tudo para ser A diferença, de ego inflado, saliente, digna de extásicos Ah!’s, de olhares gulosos, de histórias alvoroçadas, de discursos elaborados, de palavras aduladas, mas sobretudo de uma douta e elevadíssima adjectivação de eminência parda. Utilizaria a mentira como verdade, a omissão como ofício, a autocracia como bandeira e inscreveria nela "Sou O Umbigo do Mundo!". E assim dominaria este pequeno reino micro-encefálico de liliputianos.

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