Retiro com Jean-Yves Leloup, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor, conferencista, dominicano e depois padre ortodoxo.
«O Mestre Interior e o Diálogo com os Anjos» - de 18 a 21 de Abril de 2008 - No Centro de Férias do INATEL, em Santa Maria da Feira. Um espaço e uma oportunidade para voltar a encontrar Jean-Yves Leloup, que ajudará a irmos ao encontro de nós próprios, no silêncio, junto da natureza...
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A Escada do Desejo e do Medo
de Jean-Yves Leloup
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É bom lembrar que o homem evolui através do desejo e do medo. Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. O desejo e o medo estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Poderíamos dizer, em outra linguagem, que há em nós um desejo de plenitude, de Pleroma e o medo da destruição. E nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. (...) Na primeira etapa, a partir do momento em que nascemos, temos um impulso de vida, o desejo de viver, e ao mesmo tempo em que há o medo de morrer. O desejo e o medo nascem juntos e, desde que o homem nasce, ele é bastante velho para morrer. Portanto a vida e a morte estão juntas. Se este medo de morrer é superado, a criança vai procurar um lugar de identificação, um lugar de plenitude. E vem o desejo da mãe. De se fazer uno com a mãe. A mãe é o seu mundo, é o seu corpo. Ao mesmo tempo em que nasce o desejo de unidade com a mãe, este desejo de plenitude, nasce o medo da separação da mãe. (...) Se a criança é capaz de assumir este medo e de ultrapassá-lo, ela vai procurar um outro lugar de identificação. Ela vai entrar no desejo de unidade com outro sexo. É a fase edipiana. O homem e a mulher descobrem suas diferenças sexuais e, ao mesmo tempo em que há esta busca de unidade através da sexualidade, vem o medo da castração. O medo de perder este poder, dentro de uma relação com um outro que é diferente dele. (...) Existem adultos que vivem ainda com este medo de não corresponder à imagem que seus pais tiveram delas. Eles não vivem seus próprios desejos, mas o desejo de suas mães ou o desejo de seus pais. Aí entra o trabalho da análise - descobrir qual é o meu próprio desejo e diferenciá-lo daquele do meu pai ou da minha mãe. Isto não quer dizer rejeitá-los, mesmo que dê margem a alguns conflitos. É por esta razão que o conflito entre adolescentes e seus pais é tão importante.
É bom lembrar que o homem evolui através do desejo e do medo. Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. O desejo e o medo estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Poderíamos dizer, em outra linguagem, que há em nós um desejo de plenitude, de Pleroma e o medo da destruição. E nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. (...) Na primeira etapa, a partir do momento em que nascemos, temos um impulso de vida, o desejo de viver, e ao mesmo tempo em que há o medo de morrer. O desejo e o medo nascem juntos e, desde que o homem nasce, ele é bastante velho para morrer. Portanto a vida e a morte estão juntas. Se este medo de morrer é superado, a criança vai procurar um lugar de identificação, um lugar de plenitude. E vem o desejo da mãe. De se fazer uno com a mãe. A mãe é o seu mundo, é o seu corpo. Ao mesmo tempo em que nasce o desejo de unidade com a mãe, este desejo de plenitude, nasce o medo da separação da mãe. (...) Se a criança é capaz de assumir este medo e de ultrapassá-lo, ela vai procurar um outro lugar de identificação. Ela vai entrar no desejo de unidade com outro sexo. É a fase edipiana. O homem e a mulher descobrem suas diferenças sexuais e, ao mesmo tempo em que há esta busca de unidade através da sexualidade, vem o medo da castração. O medo de perder este poder, dentro de uma relação com um outro que é diferente dele. (...) Existem adultos que vivem ainda com este medo de não corresponder à imagem que seus pais tiveram delas. Eles não vivem seus próprios desejos, mas o desejo de suas mães ou o desejo de seus pais. Aí entra o trabalho da análise - descobrir qual é o meu próprio desejo e diferenciá-lo daquele do meu pai ou da minha mãe. Isto não quer dizer rejeitá-los, mesmo que dê margem a alguns conflitos. É por esta razão que o conflito entre adolescentes e seus pais é tão importante.
(...) E se ele é capaz de superar este medo, o medo de não agradar a seus pais, o medo de ser rejeitado ou julgado por eles, ele então vai crescer no sentido de sua autonomia. Surge o despertar para um novo desejo de unidade, o da identidade dele mesmo. (...) Ao mesmo tempo em que ele tem o desejo de corresponder a esta imagem social, nasce o medo de ser rejeitado pela sociedade.
(...) O medo do ostracismo, o medo de ser rejeitado pelo seu grupo, o medo de ser rejeitado pela sociedade. Aí o homem se encontra num conflito interior difícil, porque o seu desejo interior impele-o à ação, a dizer palavras que são às vezes consideradas como loucas pela sociedade. Ele tem medo de estar louco. Ele tem medo de ser anormal. Mas se ele é capaz de superar este medo, se é capaz de aceitar que os outros não o compreendam, se é capaz de assumir a rejeição do seu meio, ele vai crescer no sentido da sua autonomia. (...) Neste momento, uma voz interior recoloca tudo isto em questão. Entra- se no desejo do Self e do medo de perder o Ego. O Ego ou eu é uma abertura do ser humano a toda a sua potencialidade e o Self é esta realidade transcendental, que relativiza a beleza desta autonomia e que nos revela que há um Eu maior que o eu, que há um Eu mais inteligente que o eu, que há um Eu mais amoroso que o eu. Mas para ter acesso a este Eu mais elevado deve-se soltar as rédeas deste Eu. E passamos a uma etapa superior, que é a de entrarmos no desejo de nos fazermos um, com aquele que chamamos Deus. Esta imagem de um Deus bom, de um Deus justo, que é a projeção, no Absoluto, das mais elevadas qualidades humanas.
(...) Surge, então, um medo que os místicos conhecem bem, o medo de perder Deus. Sua imagem de Absoluto, sua representação de Absoluto. Passa- se pela experiência do vazio e esta experiência do vazio é a condição para ir a este país onde não há desejo nem medo. Não é o desejo de alguma coisa em particular nem o medo de alguma coisa em particular. Nossa vida passa sobre esta escada. Não paramos de subir e descer. Seria interessante verificar quais são as fixações, quais são os nós, porque o terapeuta, na escuta daquele a quem acompanha, deverá voltar ao ponto onde houve um bloqueio. E, para reconhecer o ponto onde houve esta parada, este bloqueio, é suficiente interrogar onde está o medo. Será o nosso medo, simplesmente, o medo de viver, o medo de existir? Quando nos sentimos demais na existência? Então podemos encontrar em nós mesmo o não-desejo de nossos pais. Descobrimos que não fomos queridos na nossa existência. É preciso passar pela aceitação deste não-desejo para descobrir, além do não-desejo de nossos pais, o desejo da vida que, em certos momentos, nos fez existir. Nosso medo poderá ser o medo da separação. É interessante observar o modo como as pessoas morrem.
(...) Surge, então, um medo que os místicos conhecem bem, o medo de perder Deus. Sua imagem de Absoluto, sua representação de Absoluto. Passa- se pela experiência do vazio e esta experiência do vazio é a condição para ir a este país onde não há desejo nem medo. Não é o desejo de alguma coisa em particular nem o medo de alguma coisa em particular. Nossa vida passa sobre esta escada. Não paramos de subir e descer. Seria interessante verificar quais são as fixações, quais são os nós, porque o terapeuta, na escuta daquele a quem acompanha, deverá voltar ao ponto onde houve um bloqueio. E, para reconhecer o ponto onde houve esta parada, este bloqueio, é suficiente interrogar onde está o medo. Será o nosso medo, simplesmente, o medo de viver, o medo de existir? Quando nos sentimos demais na existência? Então podemos encontrar em nós mesmo o não-desejo de nossos pais. Descobrimos que não fomos queridos na nossa existência. É preciso passar pela aceitação deste não-desejo para descobrir, além do não-desejo de nossos pais, o desejo da vida que, em certos momentos, nos fez existir. Nosso medo poderá ser o medo da separação. É interessante observar o modo como as pessoas morrem.
(...) Nosso medo se enraíza em momentos muito particulares das nossa existência e escutar o nosso medo nos permite entrar em contato com esse momento. O terapeuta está ali para nos ensinar a não termos medo do medo, mas a fazer dele um instrumento para nossa evolução, descobrindo o desejo de viver que se esconde atrás deste medo, e que vai nos permitir ir mais longe.
(...) Este desejo de irmos além da imagem que nossos pais têm de nós. Este desejo de irmos além das imagens que a sociedade nos propõe, do que é o "homem de bem" ou uma "mulher de bem". Este desejo de irmos além do Eu, além do que o Ego considera como sendo o bem. E irmos também além da imagem que temos de Deus.
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