Tenho na minha mão duas caixas que Deus me deu para segurar.
Ele disse "Pões todas as tuas mágoas na caixa negra e todas as tuas alegrias na caixa dourada".
Segui as Suas palavras e nas duas caixas, tanto as minhas alegrias como mágoas guardei.
Mas embora a dourada ficasse dia a dia mais pesada, a preta estava tão leve como antes.
Com curiosidade abri a preta, queria descobrir porquê. E eu vi, na base da caixa, um buraco por onde as minhas mágoas tinham caído.
Mostrei o buraco a Deus e perguntei divertida "Onde andarão as minhas mágoas?". Ele sorriu gentilmente e disse,"Elas estão todas aqui comigo!". Perguntei a Deus porque me havia ele dado então as caixas, porquê a dourada e porquê a preta com o buraco?. "A dourada é para manteres contigo e te lembrares sempre das coisas boas, e a preta é para te libertares das más".
30/03/2008
29/03/2008
Um dia no meio dos outros
Andava assim há uns tempos, vazia, triste, com aquele sentimento de desatino que nem se sabe de onde vem, de quem anda num labirinto à procura da ponta do fio para se salvar. No trabalho as horas gastas em quesílias faziam-se imensas e enfadonhas. E já nem lhe interessava consertar fosse o que fosse. Os dias arrastavam-se nesse descontentamento sem fim.
Perguntava-se onde iria buscar forças para voltar ali ainda mais uma, duas, três vezes... "só deus sabe!". Quando sentia ansiedade ausentava-se em pensamentos por ele. Refugiava-se na força do seu abraço e na maciez da sua pele. Sentia-lhe o calor, o perfume, o hálito próximo e serenava.
Naquela manhã saiu depressa, angustiada e impaciente com as horas e com o que teria pela frente, abreviando o habitual beijo e o abraço demorado da despedida, que tanta falta lhes fazia.
Sentia o coração aos pulos, a cabeça a zunir, fruto da ansiedade e de noites mal dormidas. Conduzia rapidamente,"um dia estampo-me para aqui e vou-me que nem uma estúpida!". Receou, reduziu. Voltou a acelerar, "mas não há-de ser hoje".
Estava ansiosa para ver o final à manhã. Felizmente a tensão que estava no ar não se materializou. Tratou de tudo para sair a horas. De tarde não iria trabalhar, tinha um encontro com uma agente imobiliária para vender a casa e uma entrevista de trabalho.
Havia alguma coisa em si que palpitava, uma esperança, uma expectativa de transformação. Na Primavera tudo se renova. Num rasgo de clarividência pressentiu uma mudança na sua vida e isso deu-lhe um novo fôlego, um novo ânimo.
Sentiu uma empatia natural com a senhora da agência. Conversaram durante quase uma hora. Gostou do seu humanismo, da sua integridade e sentido de ética, e ficou contente por lhe poder proporcionar a venda da casa. Sentiu interiormente aquela satisfação que é indicadora de uma decisão tomada acertadamente.
Apanhou um táxi para chegar a horas à entrevista. Estranhamente sentiu-se muito serena, sem qualquer necessidade egóica de causar boa impressão ou de se afirmar. "Tenho que ser eu apenas". O simples facto de ir a uma entrevista de repente adquiriu uma importância fundamental para a sua auto-estima e sensação de validade profissional. A conversa decorreu com simplicidade, cordial e despretensiosa, e essa tranquilidade fez-lhe bem.
Apercebeu-se de que os acontecimentos da tarde tinham dissipado as angústias da manhã. Estava mais leve. Teve saudades dele e telefonou-lhe alegre, precisava ouvi-lo, queria estar com ele, dar-lhe o abraço apertado e o beijo que estavam em dívida desde a manhã. "Sim, daqui a bocado saio. Tenho que fazer umas compras e preparar as coisas antes do meu filho chegar. Mas vai ter comigo, vamos aproveitar este fim de tarde na esplanada".
Que bem que lhe ía saber acabar assim o dia! Poderia também ajudá-lo a preparar a casa e o jantar para receber o pequenote. Gostava de se incluir assim, verdadeiramente, na metade de tudo.
Tinha ainda que ir rapidamente levantar-lhe uns exames e para não se atrasar, desejosa que estava por esse encontro de fim de tarde, correu pelas ruas, sorridente, gaiata, feliz!
25/03/2008
O Mestre interior e o diálogo com os anjos
Retiro com Jean-Yves Leloup, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor, conferencista, dominicano e depois padre ortodoxo.
«O Mestre Interior e o Diálogo com os Anjos» - de 18 a 21 de Abril de 2008 - No Centro de Férias do INATEL, em Santa Maria da Feira. Um espaço e uma oportunidade para voltar a encontrar Jean-Yves Leloup, que ajudará a irmos ao encontro de nós próprios, no silêncio, junto da natureza...
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A Escada do Desejo e do Medo
de Jean-Yves Leloup
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É bom lembrar que o homem evolui através do desejo e do medo. Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. O desejo e o medo estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Poderíamos dizer, em outra linguagem, que há em nós um desejo de plenitude, de Pleroma e o medo da destruição. E nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. (...) Na primeira etapa, a partir do momento em que nascemos, temos um impulso de vida, o desejo de viver, e ao mesmo tempo em que há o medo de morrer. O desejo e o medo nascem juntos e, desde que o homem nasce, ele é bastante velho para morrer. Portanto a vida e a morte estão juntas. Se este medo de morrer é superado, a criança vai procurar um lugar de identificação, um lugar de plenitude. E vem o desejo da mãe. De se fazer uno com a mãe. A mãe é o seu mundo, é o seu corpo. Ao mesmo tempo em que nasce o desejo de unidade com a mãe, este desejo de plenitude, nasce o medo da separação da mãe. (...) Se a criança é capaz de assumir este medo e de ultrapassá-lo, ela vai procurar um outro lugar de identificação. Ela vai entrar no desejo de unidade com outro sexo. É a fase edipiana. O homem e a mulher descobrem suas diferenças sexuais e, ao mesmo tempo em que há esta busca de unidade através da sexualidade, vem o medo da castração. O medo de perder este poder, dentro de uma relação com um outro que é diferente dele. (...) Existem adultos que vivem ainda com este medo de não corresponder à imagem que seus pais tiveram delas. Eles não vivem seus próprios desejos, mas o desejo de suas mães ou o desejo de seus pais. Aí entra o trabalho da análise - descobrir qual é o meu próprio desejo e diferenciá-lo daquele do meu pai ou da minha mãe. Isto não quer dizer rejeitá-los, mesmo que dê margem a alguns conflitos. É por esta razão que o conflito entre adolescentes e seus pais é tão importante.
É bom lembrar que o homem evolui através do desejo e do medo. Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. O desejo e o medo estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo. Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo superado, o desejo não bloqueado vão permitir a evolução. É o que Freud chama o jogo de Eros e Tanatos, do amor e da morte, o impulso de vida e o impulso de morte. Poderíamos dizer, em outra linguagem, que há em nós um desejo de plenitude, de Pleroma e o medo da destruição. E nossa vida evolui assim, através do nosso desejo de plenitude e o nosso medo de destruição. (...) Na primeira etapa, a partir do momento em que nascemos, temos um impulso de vida, o desejo de viver, e ao mesmo tempo em que há o medo de morrer. O desejo e o medo nascem juntos e, desde que o homem nasce, ele é bastante velho para morrer. Portanto a vida e a morte estão juntas. Se este medo de morrer é superado, a criança vai procurar um lugar de identificação, um lugar de plenitude. E vem o desejo da mãe. De se fazer uno com a mãe. A mãe é o seu mundo, é o seu corpo. Ao mesmo tempo em que nasce o desejo de unidade com a mãe, este desejo de plenitude, nasce o medo da separação da mãe. (...) Se a criança é capaz de assumir este medo e de ultrapassá-lo, ela vai procurar um outro lugar de identificação. Ela vai entrar no desejo de unidade com outro sexo. É a fase edipiana. O homem e a mulher descobrem suas diferenças sexuais e, ao mesmo tempo em que há esta busca de unidade através da sexualidade, vem o medo da castração. O medo de perder este poder, dentro de uma relação com um outro que é diferente dele. (...) Existem adultos que vivem ainda com este medo de não corresponder à imagem que seus pais tiveram delas. Eles não vivem seus próprios desejos, mas o desejo de suas mães ou o desejo de seus pais. Aí entra o trabalho da análise - descobrir qual é o meu próprio desejo e diferenciá-lo daquele do meu pai ou da minha mãe. Isto não quer dizer rejeitá-los, mesmo que dê margem a alguns conflitos. É por esta razão que o conflito entre adolescentes e seus pais é tão importante.
(...) E se ele é capaz de superar este medo, o medo de não agradar a seus pais, o medo de ser rejeitado ou julgado por eles, ele então vai crescer no sentido de sua autonomia. Surge o despertar para um novo desejo de unidade, o da identidade dele mesmo. (...) Ao mesmo tempo em que ele tem o desejo de corresponder a esta imagem social, nasce o medo de ser rejeitado pela sociedade.
(...) O medo do ostracismo, o medo de ser rejeitado pelo seu grupo, o medo de ser rejeitado pela sociedade. Aí o homem se encontra num conflito interior difícil, porque o seu desejo interior impele-o à ação, a dizer palavras que são às vezes consideradas como loucas pela sociedade. Ele tem medo de estar louco. Ele tem medo de ser anormal. Mas se ele é capaz de superar este medo, se é capaz de aceitar que os outros não o compreendam, se é capaz de assumir a rejeição do seu meio, ele vai crescer no sentido da sua autonomia. (...) Neste momento, uma voz interior recoloca tudo isto em questão. Entra- se no desejo do Self e do medo de perder o Ego. O Ego ou eu é uma abertura do ser humano a toda a sua potencialidade e o Self é esta realidade transcendental, que relativiza a beleza desta autonomia e que nos revela que há um Eu maior que o eu, que há um Eu mais inteligente que o eu, que há um Eu mais amoroso que o eu. Mas para ter acesso a este Eu mais elevado deve-se soltar as rédeas deste Eu. E passamos a uma etapa superior, que é a de entrarmos no desejo de nos fazermos um, com aquele que chamamos Deus. Esta imagem de um Deus bom, de um Deus justo, que é a projeção, no Absoluto, das mais elevadas qualidades humanas.
(...) Surge, então, um medo que os místicos conhecem bem, o medo de perder Deus. Sua imagem de Absoluto, sua representação de Absoluto. Passa- se pela experiência do vazio e esta experiência do vazio é a condição para ir a este país onde não há desejo nem medo. Não é o desejo de alguma coisa em particular nem o medo de alguma coisa em particular. Nossa vida passa sobre esta escada. Não paramos de subir e descer. Seria interessante verificar quais são as fixações, quais são os nós, porque o terapeuta, na escuta daquele a quem acompanha, deverá voltar ao ponto onde houve um bloqueio. E, para reconhecer o ponto onde houve esta parada, este bloqueio, é suficiente interrogar onde está o medo. Será o nosso medo, simplesmente, o medo de viver, o medo de existir? Quando nos sentimos demais na existência? Então podemos encontrar em nós mesmo o não-desejo de nossos pais. Descobrimos que não fomos queridos na nossa existência. É preciso passar pela aceitação deste não-desejo para descobrir, além do não-desejo de nossos pais, o desejo da vida que, em certos momentos, nos fez existir. Nosso medo poderá ser o medo da separação. É interessante observar o modo como as pessoas morrem.
(...) Surge, então, um medo que os místicos conhecem bem, o medo de perder Deus. Sua imagem de Absoluto, sua representação de Absoluto. Passa- se pela experiência do vazio e esta experiência do vazio é a condição para ir a este país onde não há desejo nem medo. Não é o desejo de alguma coisa em particular nem o medo de alguma coisa em particular. Nossa vida passa sobre esta escada. Não paramos de subir e descer. Seria interessante verificar quais são as fixações, quais são os nós, porque o terapeuta, na escuta daquele a quem acompanha, deverá voltar ao ponto onde houve um bloqueio. E, para reconhecer o ponto onde houve esta parada, este bloqueio, é suficiente interrogar onde está o medo. Será o nosso medo, simplesmente, o medo de viver, o medo de existir? Quando nos sentimos demais na existência? Então podemos encontrar em nós mesmo o não-desejo de nossos pais. Descobrimos que não fomos queridos na nossa existência. É preciso passar pela aceitação deste não-desejo para descobrir, além do não-desejo de nossos pais, o desejo da vida que, em certos momentos, nos fez existir. Nosso medo poderá ser o medo da separação. É interessante observar o modo como as pessoas morrem.
(...) Nosso medo se enraíza em momentos muito particulares das nossa existência e escutar o nosso medo nos permite entrar em contato com esse momento. O terapeuta está ali para nos ensinar a não termos medo do medo, mas a fazer dele um instrumento para nossa evolução, descobrindo o desejo de viver que se esconde atrás deste medo, e que vai nos permitir ir mais longe.
(...) Este desejo de irmos além da imagem que nossos pais têm de nós. Este desejo de irmos além das imagens que a sociedade nos propõe, do que é o "homem de bem" ou uma "mulher de bem". Este desejo de irmos além do Eu, além do que o Ego considera como sendo o bem. E irmos também além da imagem que temos de Deus.
24/03/2008
O gosto de amar
Gosto de despertar e testemunhar a luz matinal em simultâneo com o teu olhar.
Gosto de me enternecer com a luz nos teus olhos e com todas essas pequenas coisas que são o acordar diário para a vida.
Gosto de me enternecer com a luz nos teus olhos e com todas essas pequenas coisas que são o acordar diário para a vida.
Gosto de começar o dia contigo trocando abraços e beijos, repetindo vezes sem conta palavras de mel.
Gosto de dar-te a mão e agradecer a deus, profunda e sentidamente, a Graça de nos ter cruzado no mesmo caminho e de ter permitido que nos encantássemos como almas gémeas.
Gosto de dar-te a mão e agradecer a deus, profunda e sentidamente, a Graça de nos ter cruzado no mesmo caminho e de ter permitido que nos encantássemos como almas gémeas.
Gosto quando reconheço a perseverança na procura e na espera que nos guiou a este encontro.
Gosto, porque sei os nossos corações imaculados para o amor que vive em nós.
Gosto de saber que há um céu e que nele foi talhada a nossa união, que dele vem a magia deste amor, sem antecipações nem adiamentos.
Gosto de saber que este é o nosso tempo, por fim.
O presente é uma dádiva
“O passado é história, o futuro é mistério, o presente é uma dádiva e por isso se chama presente”.
Deepak Chopra
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Mas para muitos o habitual é o desprendimento constante do presente para se recolherem na nostalgia do passado. De nada lhes serve a dádiva de Hoje. Não valorizam justamente a oportunidade de usufruir o que a vida lhes dá em cada dia. Entregam-se profundamente ao que já foi e aí ficam presos, vampirizados por um passado infértil e estanque. Ensombram o presente sem lhe tocarem, passando por ele como fantasmas. É um acto de desamor. O presente serve-lhes apenas como degrau para o futuro onde depositarão, cada vez mais fortalecidas, as saudades de tudo o que já deixou de ser. É a recusa do porvir. O apego ao passado bloqueia a vivência do que é novo, impede a luz de se propagar, escurece o presente, cega o futuro.
18/03/2008
A passagem
- Da passagem?
- É aquele lugar onde não estamos mas nos sentimos estar, entre a vigília e o onírico.
- Onde tudo acontece? Onde podemos rever e reconstruir a nossa própria história?
- Sim, isso é a arte, a arte de sonhar!
- Quero ir contigo!
- Mas há um risco...
- Qual?
- O de ires atrás das quimeras e caíres, sem conseguires voltar.
- Se me deres a mão muito forte eu não caio. É essa ligação que nos prende à primeira realidade.
- Como sabes isso?
- Aprendi com Dom Juan... Ficas comigo?
- Sempre, a minha mão e a tua serão a mesma.
- É aquele lugar onde não estamos mas nos sentimos estar, entre a vigília e o onírico.
- Onde tudo acontece? Onde podemos rever e reconstruir a nossa própria história?
- Sim, isso é a arte, a arte de sonhar!
- Quero ir contigo!
- Mas há um risco...
- Qual?
- O de ires atrás das quimeras e caíres, sem conseguires voltar.
- Se me deres a mão muito forte eu não caio. É essa ligação que nos prende à primeira realidade.
- Como sabes isso?
- Aprendi com Dom Juan... Ficas comigo?
- Sempre, a minha mão e a tua serão a mesma.
14/03/2008
12/03/2008
My room
When I was a girl, had nothing but joys,
my room was the symbol of candour and toys.
Each minute I'd have I'd spend them in it
playing and laughing or crying a bit...
But sooner or later I had to grow up
and learn how to challenge both hazard and luck.
My room was my place, my dear paradise
where I used to think and get myself wise.
My room was my vice through which I was free,
the most little space important to me.
So I shared with it my heaven, my hell,
and just like a best friend 'he' knew me damn well!
But yesterday night when I was in bed
I made a discovery: my room is my head.
my room was the symbol of candour and toys.
Each minute I'd have I'd spend them in it
playing and laughing or crying a bit...
But sooner or later I had to grow up
and learn how to challenge both hazard and luck.
My room was my place, my dear paradise
where I used to think and get myself wise.
My room was my vice through which I was free,
the most little space important to me.
So I shared with it my heaven, my hell,
and just like a best friend 'he' knew me damn well!
But yesterday night when I was in bed
I made a discovery: my room is my head.
08/03/2008
Mulher de Céu e de Mar
Contorno suave e incerto,
o seu rosto é um cais aberto
de tez clara, iluminada
pelo dia ou madrugada!
Mulher que é também menina,
docemente curvilínea,
tem seu corpo sete seios
que o sol cobre com mil beijos...
... E os corvos negros
em caravela,
trocam segredos
de amor por ela...
Seus braços alongam-se em águas,
abraçam tristezas e mágoas
de tempos e filhos perdidos,
de louros ganhos, esquecidos...
Lisboa, flor em cidade,
altar de amor e saudade,
de cinzas, rezas e sal,
de Graça e Luz sem igual!
... E os corvos negros
em caravela,
calam segredos
só para vê-la!
o seu rosto é um cais aberto
de tez clara, iluminada
pelo dia ou madrugada!
Mulher que é também menina,
docemente curvilínea,
tem seu corpo sete seios
que o sol cobre com mil beijos...
... E os corvos negros
em caravela,
trocam segredos
de amor por ela...
Seus braços alongam-se em águas,
abraçam tristezas e mágoas
de tempos e filhos perdidos,
de louros ganhos, esquecidos...
Lisboa, flor em cidade,
altar de amor e saudade,
de cinzas, rezas e sal,
de Graça e Luz sem igual!
... E os corvos negros
em caravela,
calam segredos
só para vê-la!
06/03/2008
Se ….
eu fosse política por um dia,
faria da minha voz a voz reverberante e gritaria de uma vez por todas a sumidade que sou. E falaria, alto, cheio, agudo, estridente, até me incharem os pulmões, me rasgarem as cordas e o meu sopro se confundir com a atmosfera de K2O+, ainda por descobrir. Mandaria lamber as minhas feridas e as dos outros, todas, para purgar a dor dos pasmados e exorcizar o mundo. Traria a verdade em primeira mão para clarear os olhos da cegueira viciada, da indiferença entranhada, da má herança acumulada. Deceparia com o olhar as mãos dos opositores, que impedem mudanças e rejeitam verdades. E estrebucharia, estrebucharia muito, se me quisessem agarrar para me porem mordaças ou coletes de força. Faria tudo para ser A diferença, de ego inflado, saliente, digna de extásicos Ah!’s, de olhares gulosos, de histórias alvoroçadas, de discursos elaborados, de palavras aduladas, mas sobretudo de uma douta e elevadíssima adjectivação de eminência parda. Utilizaria a mentira como verdade, a omissão como ofício, a autocracia como bandeira e inscreveria nela "Sou O Umbigo do Mundo!". E assim dominaria este pequeno reino micro-encefálico de liliputianos.
faria da minha voz a voz reverberante e gritaria de uma vez por todas a sumidade que sou. E falaria, alto, cheio, agudo, estridente, até me incharem os pulmões, me rasgarem as cordas e o meu sopro se confundir com a atmosfera de K2O+, ainda por descobrir. Mandaria lamber as minhas feridas e as dos outros, todas, para purgar a dor dos pasmados e exorcizar o mundo. Traria a verdade em primeira mão para clarear os olhos da cegueira viciada, da indiferença entranhada, da má herança acumulada. Deceparia com o olhar as mãos dos opositores, que impedem mudanças e rejeitam verdades. E estrebucharia, estrebucharia muito, se me quisessem agarrar para me porem mordaças ou coletes de força. Faria tudo para ser A diferença, de ego inflado, saliente, digna de extásicos Ah!’s, de olhares gulosos, de histórias alvoroçadas, de discursos elaborados, de palavras aduladas, mas sobretudo de uma douta e elevadíssima adjectivação de eminência parda. Utilizaria a mentira como verdade, a omissão como ofício, a autocracia como bandeira e inscreveria nela "Sou O Umbigo do Mundo!". E assim dominaria este pequeno reino micro-encefálico de liliputianos.
05/03/2008
Etnet
Consta que em criança Steven Spielberg vivenciou experiências com o sobrenatural. Ao que parece, o seu primeiro filme Firelight, feito na adolescência, já mostrava sinais disso. De igual modo, o seu interesse e conhecimento de causa são notórios nos filmes Encontros Imediatos de Terceiro Grau, ET e Casper. Não me espanta, é sintomático.
Daí à necessidade de criação de um espaço de partilha, destinado a todos os que vivenciaram este tipo de experiências, ou que simplesmente têm interesse por extraterrestres, ovnis e outros fenómenos, foi um passo. Essa rede está em construção na internet. Vou ficar atenta.
Daí à necessidade de criação de um espaço de partilha, destinado a todos os que vivenciaram este tipo de experiências, ou que simplesmente têm interesse por extraterrestres, ovnis e outros fenómenos, foi um passo. Essa rede está em construção na internet. Vou ficar atenta.
04/03/2008
Tempo mágico...
Contei os meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma tijela de cerejas. As primeiras, chupou-as displicente, mas percebendo que faltavam poucas até roía o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabarolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando os seus lugares, talentos e sorte.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabarolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando os seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projectos megalómanos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milénio.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milénio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Não quero ver os ponteiros do relógio a avançar, em reuniões de "confrontação", onde "tiramos factos a limpo".
Detesto fazer acareação de desafectos que lutaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Detesto fazer acareação de desafectos que lutaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". O meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Quero a essência, a minha alma tem pressa...
Quero a essência, a minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na tijela, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir dos seus tropeções, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge da sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do Bem. Caminhar perto de coisas e pessoas verdadeiras, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena.
Autor desconhecido
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