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30/01/2008

O destino andava de barco

Faz hoje 50 anos, conheceram-se; faz hoje 49 anos, casaram-se. Os meus pais. Também há muito, muito tempo, o “DN Jovem” premiou-me pelo texto onde falei desse encontro, dessa história de amor a bordo de um navio, fruto de uma grande conspiração do universo! Não tenho dúvidas de que este seria um argumento perfeito para um filme perspectivado na força transpessoal que nos conduz. Perco-me por vezes a fantasiar sobre as inúmeras coincidências que concorreram para que estas duas almas, uma portuguesa, a outra brasileira, se cruzassem naquele navio e encontrassem na Argentina o pano de fundo do romance das suas vidas. A minha mãe adorava a sua terra, a sua casa, a sua família. Não imaginava, jamais, que as pudesse deixar. Não, pelo menos, naquela época, em que o nosso Portugal, num estado de depressão neurótica pardacenta, onde a alegria era apenas uma palavra no dicionário, contrastava com aquele Brasil colorido e musicado, onde as senhoras já fumavam e andavam de calças compridas. Mas assim foi. E aqui lhes rendo esta pequena homenagem, a ele que decidiu ainda aqui ficar e a ela, que partiu, pela sua febre de voar. Um dia já escrevi, frágil não é quem parte buscando no porvir a sua liberdade; frágil é quem fica, lembrando o ausente em apertos de saudade.

2 comentários:

Rossi disse...

pois nao sabia nada disso.. alias.. nem fazia a minima ideia que escrevias. mas nao me admiro, tens alma disso..
ainda a pouco estava a pensar se não terias sido uma boa bailarina.. agora pergunto-me porque não escreves tu. ou porque não posso eu comprar algo escrito por ti..

um beijo

Rossano

Doramar disse...

Tive oportunidade para provar se era mesmo bailarina no coração... deixei passar. E olha, se algum dia acontecer, serei eu a oferecer-te o que escrever; guarda o teu dinheiro :-)