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07/12/2008

Esse grande filho da puta

Soube uma má notícia. Estou chocada, revoltada. Agora é tarde para qualquer telefonema. Ou melhor, não é a qualquer pessoa que se liga a esta hora para dizer o que nos vai na alma. E só me apetece dizer palavrões para exorcizar a minha raiva e incompreensão. Dizer que a vida é fodida, que nos fode a todos, a toda a hora, de todas as maneiras e feitios, a torto e a direito, e não me venham com merdas e dizer que é preciso ser-se positivo e o caraças, porque a vida fode também quem pensa assim.

Há pessoas que não fazem cá falta nenhuma, essa é que é a verdade; que andam para aí a vampirizar o planeta e duram mais do que a conta, como se tivessem caído num caldeirão de "Duracell" à nascença. Toda essa corja de cabrões parasitários, sociopatas e psicopatas que se apoderaram do mundo e o manipulam, corrompem e destroem, que o enchem de merda onde nos querem atolar e exterminar. É clichê, mas estas pessoas deviam desaparecer primeiro.
Uma espécie de limpeza da espécie, para ser redundantemente objectiva.

Mas há outras pessoas, outras, que são verdadeiras almas de luz, anjos na terra, pequenas lufadas de bondade, de dádiva e amor, que parecem ter sido escolhidas para bodes expiatórios, para padecerem das dores do mundo em sacrifício dos demais.
Não foi o que nos ensinaram sobre Cristo, que a sua bondade veio libertar os males do mundo? Seria incompreensível que o mestre partisse sem deixar discípulos.
Às vezes somos bafejados pela graça das suas presenças nos nossos micro cosmos. São seres que têm alma crística; fazem percursos pessoalmente dolorosos em prol dos seus, vivem vidas de abnegação e renúncia em nome do amor incondicional. E entre suores, dores e lágrimas, nunca perdem o sorriso, aquele brando sorriso de bonomia e compaixão que é espelho da misteriosa presença do divino.

E depois, quando a vida parece dar tréguas e trazer-lhes finalmente a acalmia, quando a lei do eterno retorno devia manifestar-se concedendo-lhes o direito a um novo respirar, atribuindo-lhes os legítimos créditos pelas suas vidas de sacrifício, eis que que ele chega em surdina e se impõe à revelia: e
sse grande filho da puta chamado cancro.

Sinto-me uma formiga querendo parecer ter dois metros, nesta tentativa de ser emocionalmente lógica e de fazer justiça conceptual. Quem sou eu para julgar a mecânica do universo, para avaliar o que é o mistério da vida, para dizer quem deve ir ou ficar? Porra nenhuma. Eu não sou porra nenhuma. Só sei que há pessoas que são a diferença; que fazem e farão muita falta. É só o que sei.

3 comentários:

HARD CORE MAMA disse...

MUITA sabedoria popular nas velhas máximas "Vaso ruim não quebra" ou "Deus colhe as melhores almas bem cedo".
A verdade (ou pelo menos, aquilo em que eu acredito) é que ninguém nasce para sofrer e cada um tem o seu próprio percurso, mais ou menos sinuoso. Assim, é difícil estabelecer paralelos.
E que tudo isto não passa de uma ilusão: a vida é apenas um teste de valentia (para mim tem sido).
O REAL está para além da minha compreensão. O melhor ainda está por vir.

JPN disse...

uma coisa sei, este texto mexeu comigo!

Renan Ribeiro Adão disse...

comicsevenangels.blogspot.com