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28/12/2009

Olhas-me, logo existo

Um homem pode alcançar tudo na solidão, excepto um carácter.
Stendhal

Tomei de empréstimo ao Gigante Egoísta esta reflexão, por me fazer tanto sentido na construção do Ser que nos prometemos cumprir através do olhar amoroso do outro.
O meu ser que se reverencia perante o teu, dá vida e valida a tua existência.

"(...) A asserção de Stendhal traduz a noção de que o nosso carácter nasce nas reacções dos outros a nós próprios. Isto implica que necessitamos dos outros para nos sentirmos completos.

Sentirmo-nos completos lembra-nos a ideia aristofânica da cara-metade proposta no banquete platónico. O ponto a que quero chegar é que o amor é a função através da qual nos podemos sentir completos. O amor permite um feedback contínuo, que funciona como uma confirmação permanente da nossa identidade própria. São, assim, necessários sempre dois para que haja uma completude identitária.

Pode ser assim entendido o conceito de um Deus, central à maioria das religiões, Deus esse que nos vê a todo o momento e nos ama. Ser visto significa que se existe, e ser visto por alguém que nos ama é receber os contornos directores daquilo que nós próprios desejamos intrinsecamente ser."

1 comentário:

jraulcaires disse...

eu, vejo-me ao esapelho. Sou tremendamente narcisista. Acho que renunciei ao amor em troco de uma ideia absoluta de beleza. Sou um gigante egoista. Como o de oscar Wilde. Como Doryan Gray.

Não que nuca tenha tentado amar, porque tentei...;

mas é mais forte do que eu esta tentação para idealizar, e depois, para esbarrar com uma realidade muito triste.


Pago o meu preço - a solidão.

não existe nada de digno nem de belo na solidão, mas a verdade é que, também não existe nada de belo nem digno ,pelo menos forçosamente,na nossa vida com os outros).

Tenho mau feitio, desconfio dfos outros de modo quase sistemático, não gosto que tentem impôr-me ideias e pontos de vista e prezo como valor sagrado, valor último e acima de todos, a minha liberdadde.

apesar de tudo ainda não perdi a esperança de encontrar uma alma gémea. Paradoxo?

Não, é preciso ter esperança...