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30/07/2008

Virar a página

Mais um percurso que terminou, um outro começará a seu tempo. Não sei se deverei falar em descontentamento ou em alívio. Praticamente desde o início sabia que este projecto era inviável, que mais cedo ou mais tarde colapsaria. Mas no final há sempre uma parte de nós que clama por um recomeço, numa tentativa utópica de mudar o curso das coisas.
Não há nada mais improdutivo, mais infértil, mais angustiante, do que querer mudar o que já foi com o "se". Se tivesse sido de outra maneira não seria desta, obviamente.
Nos últimos quatro anos, envolvi-me em três projectos profissionais de "vão de escada", geridos por empresários de "trazer por casa", de ignorância prepotente e visão umbilical. Nenhum deles foi um projecto de sucesso, mal davam para garantir ordenados no final do mês.
Imagino que aquilo a que chamamos tecido empresarial português, seja composto maioritariamente por estas empresas de cariz doméstico e familiar, que abrem e fecham sem qualquer impacto positivo na economia nacional. O nosso país está cheio de empresários que nem sabem o que uma empresa é, porque nunca trabalharam em nenhuma a sério. Não têm os conhecimentos mínimos do mercado, recursos humanos, gestão, concorrência, ética, liderança. Abrem o seu negociozinho assente num número reduzido de clientes, contratam um ou dois empregados com formação (mas miseravelmente pagos), transferem para estes a responsabilidade de fazerem o trabalho que eles próprios não fazem e ficam à espera que o fruto caia.
Só que o fruto não cai, porque sentem-se ressabiados ao reconhecer superioridade profissional nos empregados e como são eles que mandam (mal, mas mandam), acabam por boicotar o seu próprio negócio não aceitando ideias e ferramentas que poderiam significar inovação e desenvolvimento.
Para bem do país, não deveria ser permitida a criação de empresas sem primeiro dar alguma formação aos (ir)responsáveis.

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