Faz hoje três anos. O meu irmão chegou junto de nós e lemos-lhe o olhar. Abraçámo-nos os quatro em círculo e ele disse com um sorriso triste mas tranquilo "A borboleta já voou". Foi o último a estar com ela.
Ali, naquela maca do S.O., ela esperou o seu bem amado, o mais novo, o único rapaz, e na sacralidade da pequena intimidade que tanto pedimos e que as circunstâncias permitiram, foi ele quem a ajudou e a viu partir.
Guardo desse momento uma lembrança de alívio, de justiça, de bonomia. Nunca me revoltei com a sua morte. Antes pelo contrário, considerei-a uma benção. O que me revoltou foi o seu sofrimento, a forma como foi descurada nos últimos dias (coincidentes com um fim-de-semana), sem ter sido monitorizada 24 sobre 24 horas, como seria de esperar. Era doente cardíaca e apesar de estar a ser minada por metástases, o que a matou foi um enfarte.
Digo, com a comoção e a apreensão do que sei que motiva um ser nos seus momentos terminais, que a morte pelo coração foi o seu derradeiro acto de Amor. Foi esse acto de amor que lhe permitiu ser transferida de uma enfermaria tumultuosa para o S.O., onde a sua morte não foi espectáculo, nem prato cheio para voyeuristas, mas antes pelo contrário, onde pôde partir com a dignidade, a privacidade e a sacralidade que merecia e que nos era a todos tão cara.
Há três noites sonhei com ela e percebi que este ciclo terminou. Alcançou o inatingível.
Para sempre, a eternidade.
Guardo desse momento uma lembrança de alívio, de justiça, de bonomia. Nunca me revoltei com a sua morte. Antes pelo contrário, considerei-a uma benção. O que me revoltou foi o seu sofrimento, a forma como foi descurada nos últimos dias (coincidentes com um fim-de-semana), sem ter sido monitorizada 24 sobre 24 horas, como seria de esperar. Era doente cardíaca e apesar de estar a ser minada por metástases, o que a matou foi um enfarte.
Digo, com a comoção e a apreensão do que sei que motiva um ser nos seus momentos terminais, que a morte pelo coração foi o seu derradeiro acto de Amor. Foi esse acto de amor que lhe permitiu ser transferida de uma enfermaria tumultuosa para o S.O., onde a sua morte não foi espectáculo, nem prato cheio para voyeuristas, mas antes pelo contrário, onde pôde partir com a dignidade, a privacidade e a sacralidade que merecia e que nos era a todos tão cara.
Há três noites sonhei com ela e percebi que este ciclo terminou. Alcançou o inatingível.
Para sempre, a eternidade.
4 comentários:
Que coisa linda de sentir e de exprimir. Um abraço para ti Navegadora
Obrigada pela visita. Outro para ti apicultor :)
só tu consegues transmitir estes momentos angustiantes e assustadores pra qker um, desta forma serena, reflectida e mta bonita de ser ler. nao sei se estou angustiado ou feliz por ti.. mas de qker maneira a seguir aos finais vem sempre o feliz para sempre.. e espero que aqui se enquadre da mesma forma.
beijinho dora
todos sabemos como a tua mãe continua a ser importante para ti..
Está muito bem escrito e realmente transmite paz e serenidade...
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