Tenho, sempre tive, um enorme fascínio pela história de Cristo. Foi ele a minha primeira paixão, este homem bom, pleno de Amor, idealista, um louco talvez, mas de uma loucura compassiva, que trouxe uma chama belíssima a este mundo. Imagino como tudo seria hoje muito mais selvagem e desumanizado, se de alguma forma a influência benéfica deste homem não estivesse quase atavicamente impregnada nos nossos corações.
Por isso quando se fala, se escreve, se produz sobre ele, eu fico sempre alerta, cheia de ansiedade e receio de que de alguma maneira (por via da escolha dos actores, da produção/encenação, etc.) seja adulterada a sua história e a sua imagem ou, melhor dizendo, a imagem que alimento da pessoa que creio ele tenha sido.
Depois de ter sido um sucesso de bilheteiras como opera rock em Londres e NY, em meados dos anos 70, o filme "Jesus Cristo Supertar" estreou em Portugal. Acho que nunca mais o larguei... vi-o uma dezena de vezes... , e decorei as músicas todas do princípio ao fim (naquele tempo havia tempo para isso), porque entretanto lá em casa comprámos o disco.
Ainda hoje me deleito quando ouço o CD, recordo as letras, as vozes, as entradas, a orquestra... Tenho-o gravado na minha pele, nos meus sentidos.
Por esta razão, quando me predispus a ir ver este espectáculo do La Féria, no Politeama, ía dividida entre o fascínio e a expectativa. Fascínio, porque adoro espectáculo, música, dança e, para além de tudo, ía assistir a mais uma versão da história do meu bem-amado; expectativa, porque tinha muito receio de que em nada as vozes, os actores, os cenários, as letras (ainda para mais traduzidas), correspondessem à fantástica obra original.
Digo-vos apenas que vim cheia. Assisti a um dos mais magníficos espectáculos de sempre, ao nível e em superação de qualquer espectáculo internacional que se possa ver por esse mundo fora.
Lembrei-me com grande saudade, da mesma emoção e entusiasmo juvenis ao assistir a outro musical sobre a vida de Cristo, "GodSpell" (também nos anos 70 em Portugal), protagonizado pelos jovens actores, então em início de carreira, Carlos Quintas, Joel Branco, Rita Ribeiro, Verónica, Vera Mónica...
Acredito na arte do espectáculo em Portugal e admiro o trabalho e talento de todos quanto a expressam com seriedade.
Sem comentários:
Enviar um comentário