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20/06/2009

O quarto vôo da borboleta

Faz hoje 4 anos. Como ela sempre quis, vimo-la partir vestidos de branco, ouvindo música, em festa. A vida para ela foi sempre uma festa, mesmo que acabasse em bebedeira, pancadaria ou solidão, era festa.


As festas às vezes são assim. Vamos para ela enérgicos, cheios de expectativas; voltamos cansados, arrastando as pernas.

Mas isso nunca lhe roubou a alegria, a fúria de viver, a determinação, a concretização dos sonhos.

O que mais me custou depois da sua morte, ao arrumar os seus papéis, agendas, blocos, cadernos, folhas soltas, foi encontrar em todos eles o esqueleto de "projectos a realizar". Livros, cursos, conferências, viagens, espectáculos... A sua mente imaginativa, criativa, abstracta, era ilimitada; a sua perseverança e dinamismo, imparáveis. Acima de tudo, para ela tudo era possível e concretizável. Nunca lhe conheci impeditivos, nem medos de ir em frente. Antes pelo contrário, o único medo que lhe conheci foi o da imobilização. Dizia, quase premonitoriamente, "se algum dia ficar imóvel, incapaz de fazer coisas, prefiro morrer".
E o universo cumpriu a sua vontade.

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